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Julio Plaza

Artista multimídia de origem espanhola (Madrid, 1938 — São Paulo 2003). Pesquisador, escritor, curador, professor e pioneiro no desenvolvimento de ações poéticas que estão na gênese, no Brasil, da curadoria, do ensino da arte em universidades, da crítica institucional e da relação entre arte e tecnologia. Júlio Plaza investiu na exploração criativa e na teorização e conceituação da arte relacionada aos novos suportes, linguagens e mídias da segunda metade do século XX como a mail-art (arte postal), microfilme, microfichas, videoarte, videotexto, teletexto, slow-scan, holografia, fax e computação digital.
Julio Plaza

imagem dos arquivos de Regina Silveira

Inicia sua formação em Madri, na década de 50. Cursou também a École de Beaux-Arts (Escola de Belas Artes de Paris). Depois de viver em Paris reside entre 1969 e 1973 em San Juan, Puerto Rico, já casado com a artista brasileira Regina Silveira,  onde ambos lecionam na Universidad de Puerto Rico no Campus de Mayaguez. O casal retorna ao Brasil, radicando-se em São Paulo em 1973. Julio Plaza já estivera no Brasil em 1967 para participar da 9ª Bienal Internacional de São Paulo integrando a representação espanhola. Na época, com bolsa de estudos oferecida pelo Ministério da Relações Exteriores do Brasil, ingressa na Escola Superior de Desenho Industrial - ESDI, no Rio de Janeiro.

Em São Paulo, em meados dos anos 1970, Julio Plaza e Regina Silveira são convidados a integrar o corpo docente nos cursos de graduação em artes plásticas da FAAP-Fundação Armando Alvares Penteado e da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo) e participam ativamente no desenvolvimento e na consolidação desses cursos pioneiros e modelares no Brasil. Na ECA-USP são também centrais na criação do mestrado (1974) e do doutorado  (1980) em artes plásticas.

Em 1978, juntamente com Donato Ferrari, Walter Zanini e Regina Silveira, fundam o Centro de Artes Visuais Aster que oferecia  cursos, encontros, palestras e exposições de artes.  Essa escola independente dispunha de equipamentos que podiam ser usados por alunos e artistas para imprimir trabalhos de pequenas tiragens. A videoarte também tinha lugar nesse espaço. Vilém Flusser, Marcelo Nietzche, Dudi Maia Rosa, Leonilson, Ana Maria Tavares, Rafael França e León Ferrari foram alguns nomes que aderiram e se engajaram às atividades da ASTER.

Julio Plaza foi o primeiro artista a ser professor titular no Brasil, posto máximo da carreia acadêmica em universidades publicas. De forma original e pioneira, vinculou sua produção em arte à pesquisa, à reflexão e a crítica. Além da FAAP e da ECA-USP lecionou na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e na Universidade de Campinas (Unicamp). Seu mestrado foi realizado na PUC-Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1983. Doutorado também obtido na mesma universidade em 1985.

Sempre um estudioso das novas mídias e da teoria da arte, Julio Plaza publicou livros sobre video-texto e a tradução intersemiótica, e também inúmeros artigos e textos com grande rigor, nos quais manifesta uma visão crítica a respeito dos rumos que o sistema das artes e do mercado vão tomando no passar dos anos. Autor de publicações teóricas como: Tradução Intersemiótica (1987), Videografia em Videotexto (1986), Processos Criativos Com os Meios Eletrônicos: Poéticas Digitais (1998) em colaboração com Monica Tavares.

Integrou o grupo de artistas que trabalharam com Walter Zanini no Museu de Arte Contemporânea MAC-USP (1963-78), tendo organizado em parceria com Zanini, duas emblemáticas exposições internacionais de arte postal: Prospectiva (1974) e Poéticas Visuais (1977). Antes disso, ainda em Puerto Rico, organizou o que foi provavelmente a primeira exposição de arte postal internacional: Creación, Creation, com a presença de cerca de 80 artistas de vários cantos do mundo. Ainda com Walter Zanini —curador-geral da 16ª Bienal Internacional de São Paulo em 1981, foi o curador de uma das mais significativas mostras de arte-postal do mundo nessa ocasião.

Realiza também várias obras em parceria seja por exemplo o Livro-Objeto com Julio Pacello no final da década de 1960 ou os livros-objetos Caixa Preta e Poemóbiles com Augusto de Campos em meados da década de 70.

Participa de exposições no Brasil e no exterior como: Arte Pelo Telefone: Videotexto (1982) no Museu da Imagem e do Som (MIS), São Paulo; Idehologia: Hologramas (1987) na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Triluz Holografias (1988) no MIS/SP; Fiat Lux! (1991) na Caja de Ahorros de Astúrias, Espanha; Hologramas e Videopoemas (1994) na Galeria Municipal de Vila Franca de Xira, Lisboa; Arte no Século XXI: a Humanização das Tecnologias (1995) no Memorial da América Latina e MAC/USP, São Paulo; Ao Cubo (1997) no Paço da Artes, São Paulo; Situações, anos 70 (2000) na Casa França-Brasil, Rio de Janeiro; Marginália 70: o Experimentalismo no Super-8 Brasileiro (2001) no Itaú Cultural, São Paulo; Perhappinnes – 10 anos – Paulo Leminski. Videopoemas (2001) na Fundação Cultural de Curitiba; Livro de Artista (2001) na Galeria de Alverca, Lisboa; entre outras.