Justificativa

As ações que tomaram corpo no século passado abriram inúmeros caminhos para um reposicionamento do artista em relação ao que é arte e, conseqüentemente, para importantes questionamentos a respeito das relações entre a obra de arte e seu público e, sobretudo, a respeito do lugar, do uso, da função da arte –e do artista hoje. Essas questões estão intimamente ligadas à prática artística em geral e a todos os espaços da arte, sejam eles: o contexto dos espaços protegidos (como museus, galerias, etc), dos espaços ditos ‘públicos’ – da rua, ou àqueles nomeados ou fundados por artistas (espaços alternativos, land art, etc). O debate contemporâneo sobre as cidades e espaços urbanos tem contado com a participação simultânea de artistas, arquitetos e urbanistas com suas práticas e investigações teóricas. É importante salientar que no Brasil essa prática bastante difundida nos anos sessenta e setenta perdeu sua força na década subseqüente e retomou, nos anos noventa, uma nova relevância no contexto da produção de arte, o que gerou um debate mais rico e ampliou tanto a escala como a natureza das atuações artísticas. O emprego da terminologia ‘arte pública’ é hoje bastante ineficaz uma vez que não é mais possível enfocar somente a obra, como na visão modernista da autonomia da arte, mas sim privilegiar, enfocar e refletir a respeito de um ‘público específico’, uma ‘situação específica’, um ‘tempo específico’. Para o artista hoje, essa prática implica pensar a obra de ‘arte inserida no contexto do interesse público’ tornando urgente a discussão não somente a cerca da obra de arte e do espaço público, mas, sobretudo, sobre quem é esse público ou a qual público nos referimos e, finalmente, buscar um entendimento do que pode ser entendido por esfera pública no contexto contemporâneo.