Justificativa

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Na trajetória moderna do museu de arte (Modernidade <> Colonialismo), há dois paradigmas universais a serem considerados:

  • O do gerado e consolidado pelo Iluminismo e sua cultura material, caracterizado pelo seu design “neoclássico”, tendo como principal expoente o “Altes Museum” (1830) projetado pelo arquiteto prussiano Karl Friedrich Schinkel como abre-alas da Ilha dos Museus em Berlim; e
  • O que norteia o museu de arte do século XX: o "cubo branco", termo consagrado pelo artista-pesquisador irlandes Brian O’Doherty em 1976. O MoMA - Museu de Arte Moderna de Nova York é considerado —de forma equivocada— como expoente deste paradigma, uma vez que o conceito não só se aplica a significativa parcela de museus de arte projetados no século XX, em diferentes localidades do globo, como também advém do abstracionismo e do processo de desmaterialização da arte, que ocorrem ao longo deste mesmo século.

No entanto, a ação de uma crítica híbrida, consistente e permanente, tem sido capaz de desconstruir esses paradigmas, revelando a epistemologia dominante, monocultural e as ideologias que subjazem a sua presença não só no “Norte Global” como no restante do planeta. Um dos resultados advindos desse processo crítico é o fato de que outras tipologias de museus voltam a despontar, assim como novas tipologias vem sendo criadas, gerando a convivência de uma diversidade de mise-en-scènes museológicos na esfera da arte, seja física como virtualmente.

Essa crítica, como um campo de força (Adorno), está em constante ação, muito ativa, e é produzida por diferentes processos, linguagens e formas, seja por meio de teoria, ações artísticas, programas educacionais, novas arquiteturas, plataformas críticas, entre outros. Entretanto, há também um fenômeno cultural contemporâneo, notável, relacionado a esse cenário que merece nossa atenção: o museu paradoxal. Este é, claramente, um resultado da Sociedade do Espetáculo (Debord), tendo como pano de fundo empreendimentos museológicos como, por exemplo, o Beaubourg de Paris (1977), o Guggenheim de Bilbao (1997) , a Tate Modern de Londres (2000) e a atualização constante do MoMA-NY, desde sua fundação em 1929.

Essa transmutação de paradigma para paradoxo é mais evidente hoje em dia na polêmica proposta de um novo museu que foi criado para representar uma Alemanha reunificada. Trata-se do Humboldt-Forum, situado na Ilha dos Museus em Berlim (2021). Levando portanto em conta os estados, formas e processos da cultura assim como as tipologias, os paradigmas e os paradoxos do museu de arte, esta disciplina pretende oferecer uma espécie de guia abrangente e crítico aos frequentadores/usuários/ agentes de equipamentos culturais de origem eurocêntrica e em especial do museu de arte em suas múltiplas conformações, inclusive aquelas que vêm sendo desenvolvidas na virtualidade.