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Relato crítico da mesa “Provocação: Museus para quê? - Eixo Econômico e Ambiental da Sustentabilidade em Museu”

Relato por Marla Rodrigues – “Provocação: Museus para quê? - Eixo Econômico e Ambiental da Sustentabilidade em Museu” integrou a programação do 11º Encontro Paulista de Museus 2020 - Museus, sociedade e crise: do luto à luta. O evento aconteceu no dia 23.11.2020, às 15h e foi transmitido pelo canal SISEM-SP, no YouTube.

 

por Marla Rodrigues

 

Jochen Volz (Alemanha), Diretor Geral da Pinacoteca do Estado de São Paulo, comentou as falas dos participantes da mesa, que estavam gravadas, e participou do diálogo ao posicionar-se enquanto instituição e responder às questões apresentadas pelos internautas em tempo real. Os convidados do evento foram: Ana Carla Fonseca (SP, Brasil), Sócia-diretora da Garimpo de Soluções, Emanuel Araújo (BA, Brasil), Diretor do Museu Afro Brasil e Jacques Marcovitch (Egito), Professor Sênior da Universidade de São Paulo. Oriundos de históricos e áreas de atuação em museu bastante distintas, os participantes aportaram diferentes perspectivas para o enfrentamento da questão ‘museus para quê?’, sob as óticas econômica, ambiental, social e, inclusive, racial da sustentabilidade em museu.

 

Fala 1 - Jacques Marcovitch

Jacques Marcovitch, inicia sua fala sob a perspectiva dos desequilíbrios gerados ou mesmo agravados no Brasil pela pandemia do vírus Covid-19, sublinhando-os como uma crise sanitária, econômica, política e social. Ao considerar o contexto atual, o professor da Faculdade de Economia da USP evoca a cultura como eixo de reflexão sobre nossa identidade e propõe sua compreensão como um espelho, a partir do qual é possível pensar e dialogar sobre o outro e o meio em que estamos inseridos e que construímos. Com isso, conecta a memória e a formação social do país ao debate sobre o enfrentamento da crise vivenciada pelos museus e pela sociedade como um todo.

Uma vez que ações cotidianas individuais e coletivas se configuram como expressão cultural, segundo Marcovitch, a crise indica a necessidade de transformação da cultura. Deste modo, reconhece na própria cultura a possibilidade de identificação e transformação de maneiras de ser e da própria realidade.

Sob a perspectiva de nossos hábitos cotidianos, o professor Marcovitch evoca o museu como agente central de constituição da sociedade e de imaginários. Enquanto instituição construtora de cidadania, auto-estima e formação, ao propor pensamento crítico sobre a realidade em que se insere, o museu se apresenta como eixo de reflexão, intervenção e transformação da cultura. A instituição museu é identificada como lugar engajado na preservação e promoção de valores, conhecimentos e competências. Ao evocar o Museu da Imigração do Estado de São Paulo como lugar de memória, sublinha como característica do espaço a construção de um patrimônio de identidade forjado a partir de um histórico de adversidade.

Como adaptar a experiência de imersão presencial aos recursos tecnológicos disponíveis?

Como proporcionar experiências imersivas e colaborativas virtualmente?

Como promover inserção social no acesso ao museu diante da internet?

As questões propostas por Marcovitch refletem a necessidade de adaptação dos museus às novas possibilidades imersivas e a urgência de democratização do acesso ao museu. Conectadas aos caminhos abertos pelo acesso a novos recursos tecnológicos, as interrogações salientam as tecnologias como viabilizadoras de comunicação.

Ao abordar o museu não somente como espaço físico, mas como espaço virtual potente e disponível ao alcance de mais pessoas, Jacques Marcovitch alia a instituição à antiga demanda social do Brasil de que o museu seja um lugar habitado por educadores. De modo que reconhece em sua disponibilidade virtual a possibilidade de acesso e formação de professores e, com isso, sua atuação enquanto agente de educação.

Diante de sua incorporação como lugar de formação, expressão e transformação cultural, e enquanto agente de educação, se acessível física e virtualmente à comunidade, segundo Marcovitch o museu deve articular visão de futuro, empreender na esfera digital e consolidar-se criticamente. Ao trazer para si a responsabilidade de gerar reflexão e conteúdo que dialogue com a sociedade, a instituição museal precisa se comprometer a elevar sua capacidade de comunicação e qualificar sua atuação.

Inserido no contexto da discussão ‘museus para quê?’, o professor Marcovitch reconhece as demandas de acesso, diálogo e construção da sociedade em relação aos museus e nas possibilidades abertas pela tecnologia e pela internet como recursos para a produção de energia renovada, assuntos alinhados à Agenda 2030.

Quando finaliza sua fala, o professor Marcovitch ressalta, novamente, o papel do museu como espaço de manifestação e construção da cultura, como eixo educador e formador de civilização para o progresso e como lugar de eternização de acontecimentos.

 

Fala 2 - Ana Carla Fonseca

Ana Carla Fonseca, especialista em cultura, economia e cidades, apresenta referências de iniciativas museais conectadas ao conceito de economia criativa. Tendo como pressuposto a transversalidade das propostas, a economista aborda três valores a partir dos quais embasa a criação de projetos direcionados a museus e suas respectivas demandas, são estes:

- Valor agregado: Diferencial de serviços e propostas oferecidos pelo museu, distintos daqueles comumente ofertados pelas instituições.

- Valor compartilhado: Em termos de empreendimento criativo, é o valor compartilhado com a sociedade que se beneficia com o que é oferecido.

- Valor percebido: Modo e qualidade da comunicação do museu com seu entorno, ou seja, relação de diálogo da instituição com a sociedade.

A partir da perspectiva destes três valores, agregado, compartilhado e percebido, segundo Carla Fonseca, o museu tem potencial para ressignificar e reposicionar o passado no presente, constituindo-se como fio histórico da sociedade. A fim de elucidar os valores mencionados de maneira prática, a diretora da Garimpo de Soluções apresenta propostas museais em diferentes partes do mundo, cujas iniciativas representaram aspectos inovadores e qualitativos para as instituições. Seguem alguns dos exemplos mencionados:

- A Econo-Museus (Canadá), é uma articulação em rede, criada no período da colônia no país e permanente até os dias atuais, na qual todos os empreendimentos apresentam como os ofícios foram e são desenvolvidos. A iniciativa, dotada de uma pequena biblioteca de referência e uma lojinha, propõe a afirmação da identidade local por meio do patrimônio processado, de modo que estruturas físicas do lugar ganham uma nova dimensão simbólica, posicionando-as em uma rota turística. Nesta proposta, o turista se torna um embaixador, uma vez que visita um circuito de lugares que possuem maior sentido se compreendidos em rede.

- O Memorial do Homem Kariri, da Fundação Casa Grande (Ceará, Brasil), é um sítio arqueológico e ao mesmo tempo uma rede de museus, conhecidos como museus orgânicos. Estes museus são ateliês, lugares de trabalho, contextualizados nas vivências e espaços de mestres de ofício. Neste modo de funcionar, há uma conversa com o espaço e uma potencialização da compreensão da estrutura arquitetônica da região, uma vez que sua articulação se associa ao contexto cultural, social e econômico no passado e no presente. A rede de museus é ativada pelo diálogo com o turismo comunitário, uma lógica inovadora de inserção na comunidade. Além da visitação aos museus orgânicos, são realizadas diferentes atividades nas estruturas da Fundação Casa Grande, são elas: teatro, galeria de arte, gibiteca e teveteca. Esta iniciativa pode ser reconhecida como inserida no negócio da cultura, uma vez que movimenta turismo, gastronomia e eventos.

- O Museu do Tecido (Prato, Itália), se conecta com o fluxo econômico da região ao vincular seu potencial de produção têxtil ao processo de formação e assentamento da cidade e sua localização econômica. Nesta iniciativa há um diálogo entre a comunidade e o trabalho de arte ligado ao tecido, fortalecendo relações sociais e econômicas na cidade.

Ao relacionar o legado de saberes e fazeres característicos do lugar e se projetar para o futuro, o museu se insere na proposta de desenvolvimento de uma moda criativa dentro da comunidade, cujo objetivo é fundar uma indústria de vanguarda a partir do conceito de Creative Wear. Neste contexto, existem iniciativas sustentáveis de ação têxtil de economia circular em cidades do Mediterâneo, incentivadas por start-ups.

- O Museu das Relações Partidas (Museum of Broken Relationships, Croácia), formado por um casal que rompeu e decidiu reunir objetos testemunhos de sua relação, é um exemplo de novidade como valor agregado ao seu posicionamento. Neste museu, são reunidos objetos de relacionamentos que, assim como a união, também foram “deixados para trás”. Entretanto, ao compor o acervo do museu, estes objetos se apresentam como vestígios da existência e importância destas relações.

- O Todos Pariscultores (Paris, França) é um projeto cuja proposta é ocupar tetos e empenas cegas de Paris com plantas, se possível, cultiváveis. Participaram desta iniciativa museus, os quais passaram a ter o teto de suas instituições como lugares renovados de cultivo, assim como a própria ressignificação simbólica da instituição.

 

Fala 3 - Emanoel Araújo

Emanoel Araújo inicia sua fala recordando o sentido de criação do museu como lugar de salvaguarda de memória, história, discussões da sociedade brasileira e conhecimento. Ressalta, entretanto, que no Brasil não existe a problematização de uma história que não está em lugar nenhum, de modo que não existe um pensamento construído sobre quais museus guardam a memória e a história do país. Segundo ele, a ausência de discussão e caracterização sobre a finalidade dos museus conduz a uma flutuação contemporânea em relação à temática abordada por diversas instituições museais.

Onde está a discussão de museus que ficam à deriva de uma certa forma?

Para que serve o museu?

Emanoel de Araújo, ao provocar estes e outros questionamentos em relação aos museus brasileiros, afirma que é papel desta instituição devolver ao público as histórias, a arte e a estética do povo. Para sublinhar a ausência de compromisso com a construção da memória do país, o fundador e diretor do Museu Afro Brasil menciona vertentes de museus que trazem lastros preconceituosos das diferenças entre a população negra africana e a população branca. Em contraposição, evoca museus cuja existência foi proibida e reprimida pela polícia, como por exemplo, Museu do Estado de Pernambuco (MEPE). Segundo Emanoel de Araújo, este se constitui lugar de salvaguarda de memórias da guerra e de cultos sagrados dos xangôs, recordando que os cultos de candomblé foram proibidos até a década de 1950 e, após este período, necessitavam de autorização da polícia para acontecer.

Em continuidade à reflexão sobre a existência de espaços que guardam compromisso com a narração e salvaguarda da memória, o artista evoca o Museu Afro Brasil. Segundo ele, a criação da instituição foi pensada como lugar de resgate da cultura e das manifestações afro-brasileiras, de modo que seu acervo se constitui de patrimônio que vai desde à memória da escravidão às personalidades afro-brasileiras que contribuíram para legitimar a cultura nacional. O Museu Afro Brasil foi criado com diferentes vertentes e com o sentido de que o acúmulo de objetos fosse referência para o reconhecimento de nosso próprio povo. Segundo o ex-diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo, este espaço somente foi possível ser feito em São Paulo porque nesta cidade cabem todas as coisas e, por isso, o que nela há pode ser absorvido por todas as pessoas.

O objetivo prático e simbólico da instituição é ser reconhecido como lugar que guarda  e preserva a memória. Emanoel de Araújo afirma que o museu é um espelho de auto-estima.

Emanoel Araújo chama para si o questionamento sobre a finalidade de um museu contextualizado na realidade brasileira. O curador e artista, além de afirmar a necessidade de que museus salvaguardem a memória do país ao narrar histórias que verdadeiramente representem seu povo se posiciona criticamente quanto à própria formação de museus no Brasil e a função a que se destinavam. Neste sentido, Emanoel Araújo expande a discussão, pois para além das estratégias de ampliação de acesso e do papel de reflexão e transformação da sociedade que desempenha a instituição museal, aborda a concepção e o conteúdo a partir da história do país e das necessidades decorrentes destes processos históricos.

 

Fala 4 - Jochen Volz

Jochen Volz reconhece a ampliação do papel do museu como lugar de constante construção e em conexão com a fala de Emanoel de Araújo e de Jacques Marcovitch, afirma que a instituição é um espelho da cultura que, por sua vez, é um espelho de aspectos políticos e sociais. De modo que se reconhece no museu um lugar de referência para reflexão e questionamento da sociedade.

Jochen Volz retoma as quatro crises agravadas pelo vírus Covid-19, conectando-as a outras crises já anteriormente latentes no país, como a ideológica e a linguística, ao reconhecer que este estado de desequilíbrio e adoecimento afetou o setor cultural e, consequentemente, se viu refletido nos museus, uma vez que estes são espelhos da sociedade.

O diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo identifica o museu como lugar de cura e transformação social, a partir do qual podemos ver, aprender, interpretar e valorizar o mundo em que vivemos. Jochen Volz observa o contexto atual sob uma perspectiva política e comenta que discussões públicas tornaram visíveis uma compreensão cada vez mais binária do mundo, dotada de ideias simplificadas de certo e errado, com uma profusão de notícias falsas, em consequência das quais foram desrespeitados limites éticos, científicos e perspectivas de futuro compartilhadas.

Como os museus operam à luz da alienação?

Diante do contexto apresentado, em que crenças ideológicas se transformam em realidade, segundo Jochen Volz, o museu pode se instituir enquanto processo e estrutura de aprendizado. O diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo ressalta ainda o trabalho da instituição em trazer artistas que acreditam em diferentes formas de conhecimentos, evocando desde aspectos do universo fantástico e da imaginação à valorização de códigos científicos e simbólicos, complementares e excludentes. Este modo de operar localiza o museu como espaço de discernimento e de apropriação de disciplinas, linguagens e sistemas de conhecimento.

Jochen Volz menciona a exposição “Somos Muit+s - Experimentos sobre coletividade”, realizada na Pinacoteca do dia 10 de agosto ao dia 28 de outubro de 2019, para exemplificar a crença da instituição de que o museu deve ser uma plataforma permeável e ouvinte, aberta à experimentação e um espaço que apreenda e abrigue a diversidade. Segundo ele, a exposição foi um convite para refletir e habitar o nós e uma oportunidade de questionamento sobre quem está incluído e excluído desta concepção de coletividade.

Situando-se enquanto espaço museológico, Jochen Volz fala do programa “Pina de Casa”, projeto que envolveu todas as plataformas digitais do museu e exigiu a construção de conteúdo para este formato com o objetivo de incentivar a permanência de usuários da instituição mesmo que a partir de outras interfaces.

Ao finalizar sua fala, Jochen Volz reafirma a necessidade de que o museu reflita sobre suas responsabilidades sociais e políticas, comprometendo-se na construção e defesa de um espaço artístico e cultural, uma vez que arte e cultura possuem papel transformador aliado ao pensar e ao fazer como reflexo da sociedade.

Seção de perguntas respondidas por Jochen Volz.

Para além da preservação, qual o papel simbólico do museu?

Conforme Volz, a construção simbólica do museu deve ir além da preservação, é fundamental que esta instituição social represente o público, o conhecimento de si e a multiplicidade de idéias e diálogos existentes na própria diversidade humana. Deste modo, o museu precisa preservar e ativar seu acervo em relação ao público.

Como levar o exercício do encontro, inclusão e diversidade para o mundo virtual?

Como preservar o espaço plural do museu no mundo virtual?

Ao recordar experiências plurais que integraram a programação do museu, como apresentações de banda evangélica ou de beat box, Jochen Volz elabora questionamentos conectados ao contexto de virtualização das relações e formas de construção de conhecimento. O diretor da Pinacoteca evoca a inserção da instituição no mundo digital como uma oportunidade do museu ser habitado por pessoas que nunca antes o habitaram ou se sentiam excluídas.

Como você vê o futuro dos museus no processo de inserção no mundo digital?

Jochen Volz aproveita a pergunta para abrir caminhos a outros questionamentos:

O que significa a educação museal no futuro?

Que tipo de perfil é preciso desenvolver institucionalmente para que se realizem práticas dinâmicas e inovadoras?

Como a experiência digital pode se relacionar à experiência física no museu?

Mais uma vez, Jochen Volz reafirma o museu enquanto lugar em que podem conviver opiniões muito distintas entre si em condição de segurança e enfatiza as ações educativas como pontes para a construção de conexões com o museu.

 

Conclusões

Em síntese, a construção do encontro ‘Provocações: Museus para quê?’ reuniu participantes cuja atuação é bastante distinta, o que foi fundamental para a construção de um diálogo que apresentasse diferentes óticas de problematização do museu.

A partir das considerações de professor Marcovitch, podemos compreender o museu como lugar de referência para onde retornamos não somente em momentos em que a sociedade vê agravado um conjunto de crises evidenciadas pela pandemia, mas, constantemente, como espaço simbólico que revela os valores que o constituem. Ao explicitar modos de ser, o museu se apresenta como estrutura polivalente, que ao denunciar evoca reflexão e ao ativar pensamento, propõe transformação.

Quando menciona o Museu da Imigrçaão (MI) do Estado de São Paulo como patrimônio de memória, o professor Jacques Marcovitch indiretamente reforça a ancestralidade paulista a partir de uma identidade europeia, uma vez que o MI se localiza na antiga Hospedaria dos Imigrantes do Brás e se encumbe da salvaguada da memória de pessoas que habitaram este lugar. Enquanto, representante de uma das mais importantes universidades públicas do país, a Universidade de São Paulo, ao abordar uma narrativa construída e reforçada para ser a oficial, é possível subentender a partir de sua fala aspectos epistemológicos e identitários valorados na constituição desta universidade, referencial simbólico de construção de conhecimento e de disputa de narrativas.

Sob a perspectiva da economia criativa como eixo de diálogo no debate, Ana Clara Fonseca sinaliza exemplos de iniciativas que se conectam a um ou mais nichos de mercado com vistas a ampliar as estratégias de permanência dos museus e conexões com o lugar em que se inserem.

Emanoel de Araújo conectou o debate sobre qual a finalidade do museu em relação à  necessidade do país em reconhecer a memória e a identidade do seu povo a partir da elaboração e reflexão de narrativas silenciadas. O diretor do Museu Afro Brasil relaciona sua crítica ao museu a um projeto de país e o insere em um contexto de responsabilização social e histórica, comprometido com o necessário trabalho de cura, auto-estima e reparação de que necessita a população brasileira.

Marcovitch e Volz manifestam questionamentos semelhantes, relacionados aos desafios de democratização do acesso digital ao museu e sua necessidade de atualização diante das novas demandas decorrentes do isolamento social e em conexão com os recursos tecnológicos disponíveis.

As falas de Jacques Marcovitch, Emanoel Araújo e Jochen Volz, sublinham um aspecto em comum de suas perspectivas sobre o tema abordado: o museu como lugar de auto-estima, espaço de cura e espelho de nossas ações enquanto sociedade. Deste modo, a partir da assunção de uma responsabilidade de seus objetivos, o museu se apresenta enquanto instituição responsável por propor e, com isso, promover transformações na construção de narrativas e imaginários sociais.