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O futuro que poderia ser: "Saturno devorando um filho", 1819-1823, F. de Goya. Recorte Com sobreposição de Arthur do Carmo 

NOTA DA QUARENTENA

Nesse período de isolamento social compulsório, o Fórum Permanente irá intensificar suas atividades online, disponibilizando no site uma seleção de artigos, ensaios, painéis de debates e outras produções artísticas de seu imenso arquivo, procurando com isso estimular a difusão de um conteúdo de qualidade sobre arte contemporânea, cultura e museus de arte. Lançamento 30 de junho de 2020.
Aventure-se!
 

Jornada da Quarentena #4: O vazio das Políticas Culturais

A Cultura perdeu seu status de ministério depois de muitas idas e vindas desde a deposição de Dilma Roussef em 2016. Tornou-se uma secretaria mambembe, penduricalho incômodo sempre sobre forte pressão do setor e trazendo conflitos para os ministérios nos quais tentam depositá-la, regida por figuras assombrosas que se substituem no desvario entre a mobilização ideológica nazifascista e a cortina de fumaça devido à ausência de ações concretas. A nefasta nulidade de um governo para quem a cultura viva das ruas e equipamentos culturais precisa ser imediatamente substituída pela obediência cega dos quartéis se alimenta do cinismo de secretários que não possuem qualquer interação republicana com a imprensa e com os profissionais do setor.  Enquanto são desmontadas, as políticas culturais brasileiras são mobilizadas em uma suposta "guerra cultural ideológica". Os agentes e apoiadores da cultura, em isolamento social responsável, são convidados pela Jornada da Quarentena #4 a refletir sobre as intenções, o histórico e a aplicação das políticas culturais no Brasil contemporâneo.

Recomendações do Fórum Permanente

Alguns dos artigos, encontros e ensaios que selecionamos abaixo têm como temas algumas das realidades e desafios com os quais temos que lidar neste momento, mas buscam também nos dar esperança sobre o mundo que nos espera uma vez atravessada esta crise.

1 - Que políticas culturais? - Por Lúcia Maciel B. de Oliveira

"A cultura permite a construção de projetos coletivos, que nada tem a ver com o discurso identitário excludente, projetos mais necessários agora do que nunca, quando o tecido social está mais e mais esgarçado, e novas tramas precisam ser tecidas." Em texto de 2009, a pesquisadora Lúcia Maciel Barbosa de Oliveira expõe o histórico de desenvolvimento das políticas culturais brasileiras desde o período colonial até o segundo governo Lula. Elas são marcadas pelo autoritarismo, pela intermitência e pelo conflito entre intenções de Estado e da esfera privada.governos autoritários, intervenção estatal e dirigismo, Ainda assim, é na reflexão sobre as intenções das políticas culturais, e não somente as disposições legislativas, que é possível encontrar perspectivas para projetos nessa área, que hoje sofre com a ausência de qualquer direção. Leia mais...

2 - Políticas Culturais: um comparativo entre as eras FHC e Lula - Encontro no IEA com Ricardo Alexandre da Costa Rosado

Lúcio Bittencourt destaca que "as ideias importam! Os valores, as visões de mundo que os gestores públicos têm em relação aos assuntos que eles lidam no cotidiano importam no tipo de política que é produzida." No encontro realizado em 2015 no IEA-USP, o graduando Ricardo Alexandre da Costa Rosado expôs sua pesquisa comparativa das políticas culturais brasileiras das últimas décadas e o comentário de Lúcio Bittencourt ressalta a importância de perceber quais termos e definições cada governo utiliza para falar de cultura. É um convite para refletir sobre as definições desse termo abrangente, sobre sua mobilização no discurso político e sua relação com a economia e a legislação. Em momento em que não é possível frequentar centros culturais, museus e bibliotecas e em que cada vez mais há um desmonte das instituições de Estado que fazem a interlocução entre os produtores, os financiadores e a população brasileira justificadas por um discurso de "guerra cultural", que cultura é essa que está em guerra? Leia mais...

3 - Arte & Política: Um Retrospecto da Carreira de Ricardo Ohtake

Em 2017, Ricardo Ohtake foi o titular da Cátedra Olavo Setúbal de Arte e Cultura do IEA-USP, entre as atividades inaugurais de sua gestão aconteceu uma roda-viva com o arquiteto e gestor cultural brasileiro no Centro Cultural São Paulo. Sobre as políticas culturais na cidade de São Paulo nos anos 1980, Ohtake destaca: "É uma questão de contradições. (...) É você aproveitar a contradição. E na contradição você tem umas brechas e você conseguir passar pelas brechas e é na passagem dessas brechas que você consegue fazer as coisas. Então, não é assim: eu fico aqui esperando a situação ficar boa. Agora que está boa eu vou fazer. Não! Essa situação não existe!" Entender a trajetória de Ricardo Ohtake é entender as dificuldades e desafios das políticas públicas no Brasil, mas é também e principalmente compreender os êxitos, experimentações e legados que as políticas públicas na área da cultura podem produzir. Assista aqui! 

4 - Os museus vão sobreviver ao governo Bolsonaro?:

No Brasil, a discussão sobre Políticas Culturais para museus ganhou muita força nas últimas três décadas, não sem discordâncias ou erros, mas o debate público vinha acontecendo. A criação e estruturação do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e os Encontros Paulistas de Museus (EPM's) -que já somam mais de 10 edições- caminhavam no sentido de fortalecer e desenvolver os estudos e práticas desta área em suas diferentes expressões. Hoje a situação é incerta e por isso o Fórum Permanente resgata três análises sobre a situação museológica brasileira feitas em diferentes momentos: Em 2014, Ana Letícia Fialho discutiu as posições do IBRAM frente aos colecionadores privados e ao mercado da arte no artigo: "O IBRAM, o mercado de arte, os desacertos das políticas públicas e a salvaguarda do patrimônio cultural nacional". Era evidente que acertos e erros aconteciam, mas a busca por bons exemplos e a discussão pública eram prerrogativas para as ações do campo. No IX EPM, Bruno Giordano relatou as discussões sobre as formas de financiamento dos museus brasileiros a partir de diferentes posições: a defesa dos museus como instituições do Estado, a busca pela independência financeira ou um modelo misto. Para além de uma questão econômica, Giordano evidencia o debate sobre arte e cultura que embasa essa discussão e necessita ser retomado. Ana Avelar, no V EPM, também relata um debate sobre os museus no contexto federativo brasileiro. Partindo do exemplo da gestão museológica do estado de São Paulo, discutiram-se as possibilidades do sistema de museus, as novas formas de gestão e a catalogação e integração de acervos dentro do contexto federativo brasileiro.


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