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De rasgos árabes

Seminários, exibição de filmes, concerto pop, concerto clássico e intervenções artísticas. Cinemateca Brasileira, São Paulo, 2 a 5 de setembro de 2008. Organização: Centro Cultural da Espanha. Apresentação por Ana Tomé, diretora do Centro Cultural da Espanha em São Paulo

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A Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento executa o seu trabalho no âmbito da cooperação cultural na América Latina através de uma rede de Centros Culturais da Espanha que se situam nas principais capitais desse âmbito regional. Em São Paulo, embora o Centro não disponha ainda de uma sede definitiva que permita a programação em espaço próprio, a AECID vem realizando uma intensa programação em associação com uma ampla gama de instituições locais e organizações da sociedade civil.


Como já vem ficando claro para aquelas instituições e pessoas que acompanham a nossa programação, a ênfase do trabalho que realizamos não é a mera promoção da cultura espanhola no nosso país de acolhida, mas o desenvolvimento de iniciativas, que impliquem atores locais, em assuntos de interesse comum, especialmente quando estes têm possibilidades de análise
num âmbito regional, como pode ser o espaço MERCOSUL, ou diretamente o espaço ibero-americano.


É uma prática comum também a produção de projetos em rede, que implicam vários Centros da cooperação cultural espanhola, como é o caso deste projeto de rasgos árabes..., no qual estão envolvidos os centros de Buenos Aires, El Salvador, a Cidade do México, Santiago do Chile e São Paulo. Quem nos propôs que fizéssemos uma reflexão sobre esse tema foi justamente a diretora do Centro Cultural em Buenos Aires, comovida pela explicação da polícia britânica que, na seqüela dos atentados terroristas de Londres em julho de 2005, justificou seu crasso erro ao matar o eletricista brasileiro Menezes alegando que este tinha “cara de árabe” (?!). A reflexão proposta incidiria nesta arbitrária demarcação regional, não de uma perspectiva acadêmica em sentido estrito, mas da perspectiva da cotidianidade. Os Centros já citados, todos eles em países com uma importante presença “árabe” (no sentido que o curador expõe em seu texto a seguir), acolheram com entusiasmo a proposta.


Este projeto não pretende resolver nenhuma incógnita, mas trabalhar a partir da própria ambigüidade do termo, a partir dos próprios tópicos, das incertezas, da acumulação de indícios; investigar não para concluir mas para seguir agregando perguntas, dúvidas, rupturas, contágios, cruzamentos. Trata-se de um processo de trabalho que prevê, numa primeira fase, a realização de um seminário inicial, em cada um dos países participantes, sobre temas específicos de cada país e uma
segunda fase, já em 2009, na qual se montará um programa itinerante, compêndio dos aspectos mais relevantes que tiverem surgido em cada país nos diferentes âmbitos. Assim, este seminário que apresentamos dá continuidade ao realizado em Buenos Aires no começo de julho e precede os que se realizarão, em ordem cronológica, em El Salvador, na Cidade do México e em Santiago do Chile.


Isto é, terá um fechamento previsto, como todo projeto, mas unicamente para acolher outros debates, outras vozes. Por esta razão escolhemos como diretor do projeto um artista e curador (espanhol), Pedro G. Romero, que trabalha sempre na corda bamba da pergunta lúcida e da informação exagerada. Pela mesma razão escolhemos, em cada um dos países, pesquisadores (Fernando Gerheim no caso brasileiro) não necessariamente especialistas, mas sim com uma criativa curiosidade, capazes de estar abertos a todas as possibilidades que o trabalho em andamento possa suscitar. Trata-se de percorrer um caminho do qual só sabemos o começo. O mapa que se vier a construir será incompleto e, talvez, estranho, mas se parecerá um pouquinho com o que em alguma medida somos.