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Bienal de SP busca consenso político

por Fabio Cypriano (Folha de S. Paulo, 20/05/2010)

Lista provisória obtida pela Folha adianta nomes dos 148 convidados para a 29ª edição, que começa em setembro

A relação entre arte e política, na concepção dos curadores da 29ª Bienal de São Paulo, será vista por um espectro de artistas com visões bem distintas.
A extensão dessa concepção parece abarcar modalidades tão diversas de produção que a lista dos selecionados para a mostra sugere que a curadoria está criando um consenso no circuito artístico.
A política, assim, ganha um caráter inclusivo no evento. Essa é umas das possíveis leituras da lista de trabalho com 148 artistas previstos para a exposição, com início em setembro.
Até agora, a Fundação Bienal já havia confirmado a presença de 48 nomes. A listagem obtida pela Folha, de 4 de maio, reúne artistas já convidados, mas nem todos confirmados.
A assessoria de imprensa da Fundação Bienal informou que a lista final será anunciada no dia 1º de junho.
Segundo a nota da instituição, "toda e qualquer versão da lista divulgada antes da coletiva oficial de imprensa não é definitiva, estando sujeita, portanto, a informações equivocadas e a possíveis alterações".
Contudo, mesmo sendo uma lista ainda em caráter transitório, devem ser anunciados cerca de 120 artistas, segundo o novo site da fundação.
Por esse inventário, é possível identificar algumas marcas da curadoria chefiada por Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias com a assistência de outros cinco curadores estrangeiros.
Entre os 51 brasileiros, há uma grande diversidade, que vai de nomes como Flávio de Carvalho (1899-1973) e Oswaldo Goeldi (1895-1961) a artistas da nova geração como Jonathas de Andrade, que já participou da Bienal do Mercosul no ano passado.
Entre esses dois pólos, há todo tipo de produção. De um lado, estão as experimentais da década de 1970, como as de Hélio Oiticica (1937-1980) e Lygia Clark (1920-1988).
De outro, as da Geração 80, como as de Daniel Senise e Rodrigo Andrade, ambos com obras centrada na pintura.
Segundo a lista, também já estão definidos os responsáveis pelos seis "terreiros" da mostra, espaços que terão temáticas e arquitetura próprias.
São eles os brasileiros Carlos Teixeira, Ernesto Neto, Marilá Dardot e, em dupla, o arquiteto Roberto Loeb e Kboco. Já entre os nomes do exterior, foram escolhidos o sloveno Tobias Putrih e o escritório holandês UN Studio.
Entre os 97 estrangeiros, um destaque é Aernout Mik, que participou da 26ª Bienal de São Paulo e da 52ª Bienal de Veneza, em 2007, com a instalação "Citizens and Subjects" (cidadãos e temas), uma das mais comentadas daquela edição.
Outro nome com grande projeção é o do escocês Douglas Gordon, especialmente por conta do filme realizado com Philippe Parreno, sobre o jogador Zidane, em 2006.
Vinculado também ao cinema, Kutlug Ataman, da Turquia, é mais um selecionado, assim como Ilya Kabakov, o artista russo com maior projeção no cenário internacional.
Também faz parte da lista a sul-africana Marlene Dumas, que pela pintura alcança uma forte narrativa sobre questões políticas, caso da exposição na galeria David Zwirner, em Nova York, encerrada no mês passado, que abordou as relações entre Palestina e Israel.
Depois do Brasil, o país com maior presença na Bienal será a Argentina, com 11 artistas selecionados. A África inteira terá oito, estando inclusa aí Dumas, que vive na Holanda.
Na maioria, os argentinos escolhidos possuem forte projeção desde os anos 1970, como Leon Ferrari, Marta Minujin, Victor Grippo e o grupo Tucumãn Arde, que esteve na última Documenta, em Kassel.