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Bienal da pouca vergonha

Barbara Gancia (site próprio, 28 de outubro de 2008)


http://www.barbaragancia.com.br/index.php/2008/10/28/bienal-da-pouca-vergonha/


O assunto principal do jantar para o designer Karim Rashid, na sexta passada (veja post), foi a montagem da Bienal, que neste ano atrasou mais do que o costume.

Ué?

A montagem atrasou e o segundo andar da mostra está completamente vazio? Então, que me desculpe a curadoria, mas alguma coisa está tremendamente errada.

Somos mundialmente conhecidos pela nossa versatilidade. O Carnaval carioca, com todas as dificuldades que representa aos moradores do morro, está aí para maravilhar o mundo desde muito antes das eras do fax e do celular.

Nosso poder de improvisação foi talhado na pedra da famigerada “correção monetária”, já nascemos topando tudo e enfrentando qualquer parada.

E a Bienal de São Paulo agora vem com essa de querer “dar visibilidade à crise do modelo das bienais” e deixa o segundo andar da mostra completamente às moscas?

Pois eu digo que isso é um escândalo.

Que a 28a Bienal de São Paulo entrará para a história como a “Bienal da pobreza de espírito”.

Que cabeças deveriam estar rolando neste momento.

Que Ciccillo Matarazzo, fundador da Bienal (e tio-avô de Andrea Matarazzo), deve estar revirando no túmulo.

Que São Paulo não merece tamanha incompetência.

Há mais de mês a curadoria da Bienal vem realizando seminários para falar sobre a tal “crise do modelo das bienais”. A discussão já não estava de bom tamanho? Precisava sacrificar o público e os artistas?

E como puxa-saco e formiga têm em todo lugar, ainda surgem uns caras-de-pau como Fábio Coutinho, superintendente cultural da Fundação Iberê Camargo, de Porto Alegre, para aplaudir o vazio do segundo andar.

Veja o que ele diz: “Arquitetonicamente (o espaço) é lindo, nunca se tinha visto toda a extensão do prédio”.

Como assim, cara pálida? O paulistano vê “toda a extensão do prédio” da Bienal o ano inteiro.

Mas, a cada dois anos, nós gostamos que ele seja ocupado por obras de artistas convidados do mundo todo.

Se isso não aconteceu desta vez, foi por pouca-vergonha e politicagem.