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Gestão de arquiteto é a mais polêmica

Decisões questionáveis e perdas de público e patrocínios levaram à redução de mostras

Transcrição de artigo publicado em 30 de janeiro no caderno Metrópole do jornal O Estado de São Paulo

Camila Molina e Juliana Bianchi

A queda no número de visitantes, patrocínios e exposições, reformas e decisões administrativas questionáveis fizeram do mandato do arquiteto Julio Neves um dos mais polêmicos da história do Masp .

O museu que abriga um dos mais importantes acervos da América Latina, com obras de grandes nomes da história da arte, já chegou a ter 50 exposições por ano. Mas em 2004 teve apenas 8, visitadas por não mais de 226 mil pessoas. Como exemplo da dimensão do tombo, em 1997 só a mostra Monet, do mestre do impressionismo, levou ao Masp 401 mil visitantes. Apesar de sua importância para a cidade, nos últimos anos as principais exposições foram desviadas para a Pinacoteca do Estado ou para o prédio da Bienal, no Ibirapuera.

As atitudes controversas de Julio Neves no Masp começaram logo depois de assumir o primeiro mandato na presidência do museu - ele está lá há dez anos. Uma reforma estimada em R$ 120 milhões para instalar o segundo elevador, trocar parte dos paralelepípedos do piso do vão livre e construir o terceiro subsolo para acomodar a reserva técnica, fez arrepiar os cabelos da comunidade artística. O famoso vão livre foi palco de protestos, ainda que tímidos.

Na seqüência de ações que provocaram críticas veio a proibição da feira de antiguidades que por anos ocupou o vão livre aos domingos e a instalação de paredes divisórias nas salas de exposição, substituindo os originais cavaletes transparentes projetados por Lina Bo Bardi.

Como se não bastasse, para cobrir uma dívida de R$ 3,3 milhões do museu com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o arquiteto deu como garantia um quadro avaliado em R$ 4,3 milhões, sendo que seu acervo, tombado, não pode ser vendido. Houve ainda manifestações contra atrasos de salários. Outros problemas são falta de verbas para restauro de obras e a ausência de projeto cultural.

É certo que ao longo de mais de 50 anos de existência, o Masp passou por outras crises, mas a comunidade artística da cidade considera urgente, agora, sua revitalização. Não há mais como ser "um museu morto", como disse a artista plástica Nazareth Pacheco.


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Fonte: https://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/20050130-40647-nac-40-cid-c4-not