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Carta do Júlio Neves

Folha de S. Paulo

12 de novembro de 2005

Painel do Leitor


Masp

"Como arquiteto e presidente da diretoria do Masp, manifesto minha surpresa e discordância com o texto "Urbanismo" ("Painel do Leitor", 2/11), da conselheira representante do IAB no Conpresp. A arquiteta inicia sua missiva contestando os termos do editorial "Veto à Torre" (Opinião, 27/10) com a citação "de um dos princípios básicos da preservação do patrimônio, claramente disposto no artigo 6º da Carta de Veneza, de 1964" e sobre o qual interpreta que "decorre a regulamentação das áreas envoltórias", menções essas dispensáveis, pois qualquer arquiteto e os dirigentes do Masp, certamente, conhecem e concordam com tais princípios. O que os dirigentes do Masp desconhecem é a razão pela qual a arquiteta, na função de conselheira relatora do processo, formulou o parecer contrário que embasou a decisão do Conpresp sem levar em consideração a posição da entidade da qual é representante (Instituto de Arquitetos do Brasil -IAB) e os apoios de seu presidente e de seis de seus ex-presidentes, bem como as manifestações favoráveis recebidas de ex-presidentes do Iphan, do Condephaat, da Asbea, de professores de arquitetura e, ainda, de presidentes da Associação Paulista Viva e de diversas outras entidades de grande representatividade, inclusive no âmbito nacional. Os apoios que o Masp continua recebendo de tão importantes profissionais, preocupados com a preservação do patrimônio de nossa cidade, reforçam minha convicção de que a posição adotada pela arquiteta e conselheira do Conpresp, certamente, é de natureza subjetiva, e não técnica, sendo, portanto descabida a sua afirmação ("em três reuniões com o presidente do Masp, nas quais expus meus argumentos, os quais, tenho certeza, foram compreendidos, embora divergentes dos interesses do Masp'). Em relação ao editorial "Veto à torre", entendo que ficou retratado o acontecido quando afirmado em sua conclusão: "Mas não gostar de um projeto ou ver com reservas seus proponentes não é justificativa legítima para vetá-lo". A intenção da presente não é polemizar com qualquer pessoa ou entidade sobre o tema, mas chamar a atenção sobre a importância do crescimento do Masp, entidade atemporal que não merece ser punida em função de pontos de vista expressados por ocupantes de cargos com poder de veto, pois, afinal, todos nós exercemos funções transitórias."


Julio Neves, arquiteto e presidente da diretoria do Masp (São Paulo, SP)

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1211200511.htm