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Banqueiro presidiu a Bienal

FOLHA DE S. PAULO

13 de novembro de 2004

Folha Dinheiro

 


 

 

Cid Ferreira fundou Brazil Connects e
acabou de mudar de casa

BANQUEIRO PRESIDIU A BIENAL

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL


O banqueiro e mecenas Edemar Cid Ferreira mudou-se há pouco mais de um mês para uma casa de 4.100 m2 no Morumbi, zona sul de São Paulo.

A criação do arquiteto Ruy Ohtake tem cinco andares, uma fachada de concreto com quatro ondas sobrepostas e consumiu mais de R$ 50 milhões.

Vista de helicóptero, parece uma mistura de museu de arte moderna com bunker. Demorou cerca de três anos para ser construída e fica defronte à casa de 130 cômodos do banqueiro Joseph Safra.

O projeto do interior da casa é de outro arquiteto de renome, o norte-americano Peter Marino, famoso pelo design que fez para lojas Chanel e Armani.

O térreo abriga duas galerias de arte, com pé direito de 9 metros, e uma biblioteca. Uma das galerias foi desenhada para acomodar 250 pessoas. O closet da mulher de

Edemar, Márcia, tem a área de um apartamento popular: 43 m2.

Os banheiros foram criados em vidro transparente, mas quando alguém adentra o cômodo uma imagem em cristal líquido impede a bisbilhotagem.

Cid Ferreira ganhou projeção quando tornou-se presidente da Fundação Bienal em 1993 e ressuscitou uma entidade que andava afundada em dívidas e moribunda. Ficou no cargo até 1997 e saiu com três vitórias, pelo menos: a Bienal tornara-se uma mostra de massa, o prédio de Oscar Niemeyer foi recuperado e Cid Ferreira, um banqueiro que não tinha imagem pública, convertera-se em mecenas.

Em 92, seu nome foi entregue a uma CPI numa lista de supostos "testas-de-ferro" do esquema de PC Farias. A lista foi fornecida por Pedro Collor, irmão do ex-presidente Fernando Collor. Cid Ferreira negou as acusações, e nada foi provado.

Depois da Beinal, Cid Ferreira conseguiu ter o seu próprio museu. A Brazil Connects, entidade que criou para continuar no mundo da arte, conseguiu a Oca do parque Ibirapuera como seu espaço de exposições.

Foi com a Brasil Connects que Cid Ferreira começou a tentar obter projeção internacional. Em 2001, levou aos EUA um altar de 12 toneladas de madeira retirado do Mosteiro de São Bento de Olinda, uma das principais atrações da mostra "Brazil: Body and Soul", no museu Guggenheim de Nova York. A restauração do altar barroco, bancada por patrocinadores envolvidos na exposição, custou cerca de R$ 650 mil.

A Brasil Connects transformou em sucesso popular a exposição "Os Guerreiros de Xi'an" (2003), com obras chinesas, e a retrospectiva de Picasso, encerrada em julho deste ano, ambas na Oca. A última exposição organizada por Cid Ferreira, "Fashion Passion", no mesmo local, teve menos público.