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‘Vamos garantir que a Bienal de 2010 aconteça’, diz novo presidente

Débora Miranda do G1, em São Paulo / 20 de maio de 2009

http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL1176062-7084,00-VAMOS+GARANTIR+QUE+A+BIENAL+DE+ACONTECA+DIZ+NOVO+PRESIDENTE.html

 

Eleito na noite de quinta-feira (28) novo presidente da Fundação Bienal de São Paulo - instituição privada responsável pela realização da mostra de artes - o empresário Heitor Martins destacou seus três principais objetivos ao longo da gestão, que vai até fevereiro de 2010:

 

“Temos que estabilizar a situação financeira e promover uma reforma administrativa a curto prazo, modernizando o modelo de gestão; garantir que a Bienal de 2010 aconteça de forma completa; e fazer com que a Bienal tenha um papel mais constante ao longo do tempo, mais contínuo. Minimizar isso de ter que começar do zero a cada dois anos”.

 

Candidato único ao cargo, ele teve 28 votos a seu favor, um único contra e duas abstenções, somando 31 votos no total, entre os 53 conselheiros da fundação. A eleição não exigia quórum mínimo, apenas que o candidato obtivesse maioria simples dos votos.

 

Sócio-diretor da consultoria financeira McKinsey e colecionador de artes, Martins afirmou que a votação “é um momento de satisfação, pois consuma o fato” e justificou a vitória com seu trabalho de mobilização no setor público e privado. “Fiz uma série de contatos com os governos municipal, estadual, federal, com uma série de empresas e galerias de arte para reunir uma base de apoio para a Bienal. Fomos bem, articulamos a equipe e levamos nomes de projeção e competência inquestionáveis”, afirmou, referindo-se à diretoria e aos integrantes do conselho indicados por ele e também eleitos na quinta.

 

“Esse apoio é, sem dúvida, a chave para a Bienal, que é um patrimônio cultural brasileiro, então é importante que possa agregar os vários setores da sociedade. Somar esforços é o tema central de nossa gestão”, afirmou Martins, que priorizou profissionais do setor financeiro para dirigir a instituição e colecionadores de arte para o conselho.

 

A dívida acumulada pela fundação é um dos principais problemas a serem enfrentados pelo novo presidente. “A Bienal tem um desafio financeiro por causa da baixa captação do ano passado e um desafio normal da troca de presidentes. Queremos reinventar e atualizar seu papel e seus propósitos.” Apesar disso, Martins diz que não considera unir a Bienal de Artes à de Arquitetura: “uma reformulação mais abrangente do modelo depende de uma discussão mais profunda e mais longa”.

 

E com tantos problemas, o que motivou o empresário a querer tal cargo? “A ótica é a seguinte: quando um jogador de futebol é convidado para fazer parte da seleção brasileira, ele não cogita não ir. A Bienal é uma das instituições mais prestigiosas do Brasil na área de cultura. Aonde você vai e fala da Bienal de São Paulo, todo mundo conhece. Ela foi criada antes de eu nascer e com certeza vai permanecer quando eu me for.”

 

Visto por muitos conselheiros como a escolha ideal para tirar a instituição da crise, Martins afirma que não se sente pressionado. “A recepção tem sido a melhor possível. Mas o entusiasmo não é comigo, e sim com as minhas propostas de revitalização, de unir setores e de criar projetos novos. Vejo isso como um reconhecimento do cuidado que a instituição merece. E me sinto tranquilo. A indiferença, a essa altura, seria horrível.”

 

'Bienal do vazio'

 

Última ainda sob o comando da gestão anterior, a Bienal de 2008 foi alvo de polêmicas não só com relação às finanças mas pela própria escolha da curadoria em deixar vazio um andar inteiro do prédio da exposição no Ibirapuera. A justificativa da instituição era de que o espaço seria ocupado pelo público e utilizado para provocar reflexões sobre o estado da arte contemporânea.

 

O recado foi levado ao pé da letra por um grupo de 40 pessoas que, logo no dia de abertura da mostra, picharam paredes internas do prédio como uma suposta crítica à institucionalização das artes. A atitude foi imediatamente reprimida pelos seguranças e uma mulher acabou presa.

 

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