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A vez dos profissionais

Editorial da Folha de S. Paulo (01/06/2009)


A BIENAL do Vazio, no ano passado, e o risco de cancelamento da próxima edição da mostra tornaram evidentes graves problemas administrativos, que, em maior ou menor escala, também atingem outras renomadas instituições brasileiras de arte.


Fundada num passe de mecenato nos 50, a Bienal, como ocorreu de resto também com o Masp, cresceu à sombra da figura de seu criador. O modelo pouco profissional se firmou, e entidades várias fizeram do voluntarismo o seu principal motor.


Há dois anos, São Paulo alardeou a transferência do Museu de Arte Contemporânea (MAC) -espalhado entre a USP e o prédio da Bienal- para o edifício do Detran, ao lado do Ibirapuera. Não há nem sinal de mudança.


Em exíguo espaço físico, o museu abriga a valiosa coleção doada à USP por Francisco Matarazzo Sobrinho. Em 2005, a Justiça empurrou ao MAC parte da coleção de Edemar Cid Ferreira, condenado sob acusação de fraude e formação de quadrilha.


Exemplos de imperícia pululam, magnificados por amadorismo e deficiência na política de formação de acervo e de continuidade administrativa. Contidas em feudos, as entidades derrapam, à espera de resgate.


É impreterível buscar iniciativas que se apoiem na combinação certeira de mecenato e profissionalismo. No país, leis de renúncia fiscal facilitariam a empreitada, mas a cultura do "dono da bola" dificulta a continuidade sustentada de espaços e mostras.


A eleição do novo presidente da Fundação Bienal é oportunidade para recolocá-la nos trilhos. Sua importância no calendário cultural do país não pode ser subestimada. A disposição do eleito, Heitor Martins, de profissionalizar a gestão deve ser apoiada e acompanhada, para que velhos erros não se repitam.


Bons resultados nesse caso decerto vão estimular outras entidades culturais na superação de seus entraves administrativos.