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Prefeitura quer retomar terreno para alterar perfil do MuBE

 

O ESTADO DE S. PAULO

26 de agosto de 2006

METRÓPOLE

Fonte: ZONTA, N. Prefeitura quer retomar terreno para alterar perfil do MuBE. O Estado de São Paulo. Cad. Métropole. 26/08/2006. Disponível em http://www.estado.com.br/editorias/2006/08/26/cid-1.93.3.20060826.22.1.xml. Acesso em 26/08/2006.


Prefeitura quer retomar terreno para alterar perfil do MuBE

NATÁLIA ZONTA

 

Depois de encampar o Parque do Povo, administração agora mira na área onde está instalado o museu
 
 
O Museu Brasileiro da Escultura Marilisa Rathsam (MuBE), na Avenida Europa, nos Jardins, zona sul de São Paulo, está na mira da Prefeitura. Dessa vez, não por causa da publicidade irregular. Ontem, o secretário de Coordenação das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, afirmou que está nos planos desta gestão fazer com que o terreno onde fica o MuBE volte a ser do Município. "O museu se transformou em um grande espaço de eventos, a população não o utiliza", disse Matarazzo.

O MuBE foi inaugurado em 1995, depois de oito anos de obras. O projeto é do arquiteto Paulo Mendes da Rocha e toda a construção foi bancada por doações da iniciativa privada. O terreno foi concedido pela Prefeitura para a Sociedade de Amigos dos Museus, por 99 anos em 1987. "Antes, nesse local seria construído um shopping center. Foi por causa da nossa luta que o museu existe hoje", afirmou a presidente do MuBE, Marilisa Rathsam, que fundou também a sociedade. "Fui batendo de porta em porta buscando dinheiro para montar isso tudo", disse.

EVENTOS E CURSOS

Hoje, mensalmente, o MuBE gasta R$ 100 mil com manutenção e quadro de funcionários. Essa conta é paga com doações e a verba proveniente do aluguel do espaço para eventos e cursos de artes ministrados no local. "Me sinto perseguida. Não sei por que agora estão fazendo isso com a gente", completou a presidente. "Cansamos de pedir dinheiro da Prefeitura e nunca ninguém nos ajudou. Fazemos tudo sozinhos."

Para Matarazzo, o que parece implicância tem fundamento. "O terreno custou R$ 30 milhões aos cofres públicos. Hoje, o retorno para a população é quase nulo", afirmou. Segundo o secretário, os eventos de lançamentos de produtos realizados no museu fazem com que o espaço seja restrito a poucas pessoas. "O acervo é pequeno, não é bem administrado. Precisamos colocar gente competente para trabalhar lá", disse. Matarazzo ainda alfineta: "Nunca vi alguém ser homenageado com nome de museu em vida, isso é um absurdo."

O que é visto como falta de acervo e investimentos pelo secretário é chamado de seleção rigorosa por Marius Arantes Rathsam, um dos diretores do museu. "Não queremos transformar o MuBE no Cemitério da Consolação, cheio de estátuas. Somos rigorosos. Somente obras expressivas entram aqui. Diversas vezes recebemos propostas de doações e rejeitamos", contou. Ele ainda afirmou que o museu foi concebido com idéia de ser dinâmico, tendo como forte as exposições temporárias e os cursos que são ministrados no local.

Segundo ele, o MuBE tem papel importante na sociedade, anualmente oferece 400 bolsas no curso de História da Arte para a Prefeitura e cede espaço para instituições beneficentes.

O projeto da Prefeitura para o lugar não está pronto. A Secretaria da Cultura, que também está à frente da negociação, não quis se manifestar. "Ainda não sabemos como podemos fazer para que o terreno volte para o município, mas não existe nada que não seja complicado", argumentou Matarazzo.
 


Fonte: ZONTA, N. Prefeitura quer retomar terreno para alterar perfil do MuBE. O Estado de São Paulo. Cad. Métropole. 26/08/2006. Disponível em http://www.estado.com.br/editorias/2006/08/26/cid-1.93.3.20060826.22.1.xml. Acesso em 26/08/2006.