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Atividades Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência: Catedráticos Paulo Herkenhoff e Helena Nader

 

Catedrático Paulo Sérgio Rouanet 2016Catedrático Ricardo Ohtake 2017
Catedrática Eliana Sousa e Silva 2018Catedráticos Paulo Herkenhoff e Helena Nader 2019Catedrático Néstor García Canclini 2020-21Catedrática Conceição Evaristo 2022-23Catedráticas
Arissana Pataxó, Francy Baniwa e Sandra Benites
site da Cátedra no IEA-USP



Em 2019, a Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência tem dois titulares, contemplando ao mesmo tempo a arte e a ciência, além das intersecções entre elas.

Ocupam as posições o crítico, curador e gestor cultural Paulo Herkenhoff, com destacada atuação no Brasil e no exterior, e a bioquímica Helena Nader, professora da Unifesp e ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

A posse ocorreu no dia 28 de março, em cerimônia na Sala do Conselho Universitário, substituindo a ativista social, educacional e cultural Eliana Sousa Silva, diretora da Redes da Maré. Eliana continuará vinculada ao IEA, como professora visitante, coordenando o projeto Democracia, Artes e Saberes Plurais.

Juntos, Paulo Herkenhoff e Helena Nader desenvolveram uma sequencia de encontros e debates que tratarão de temas candentes na contemporaneidade. Esse conjunto configura-se como um curso de pós-graduação, que, por seu caráter extraordinário e natureza interdisciplinar, não está relacionado a nenhum programa de pós-graduação da USP, mas diretamente vinculado à Pró-Reitoria de Pós-Graduação da universidade.

Segundo os catedráticos, a ideia é promover uma discussão profunda sobre as inter-relações arte e ciência ao longo dos tempos, perpassando por aspectos como proeminência cultural de um país sobre outro, questões de gênero, de estilos e formatos.

“Nosso país está vivenciando um retrocesso obscurantista nesses últimos tempos, com a negação da ciência, a censura às artes e cultura, o que certamente impactará as gerações futuras”, afirma Nader. Para ela, o mais antigo Instituto de Estudos Avançados (IEA) da América Latina e Caribe pode desempenhar um papel de liderança nesse debate.

O curso terá a participação de vários expositores e debatedores que representam a fronteira do conhecimento nos temas propostos e são lideranças em suas áreas de atuação.

Entre os temas a serem discutidos estão: o papel da arte, da cultura e da ciência na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU; a produção de artistas concretos e neoconcretos brasileiros; as relações entre conhecimentos em dois "artistas-cientistas" (Leonardo da Vinci e Cildo Meireles); as conexões entre arte e física, psicanálise, tecnologia e outras áreas; e abordagens das ciências sociais sobre questões que marcam a cultura brasileira.


Posse dos Catedráticos Paulo Herkenhoff e Helena Nader

 

A posse dos dois ocorreu no dia 28 de março de 2019, em cerimônia na Sala do Conselho Universitário, substituindo a atual titular, a ativista social, educacional e cultural Eliana Sousa Silva, diretora da Redes da Maré. Eliana, no entanto, continuará vinculada à cátedra, onde coordenada o projeto Democracia, Artes e Saberes Plurais.

Vídeo da Posse /  Notícia

 

 

 


 

Jornada de Seminários 2019-2020

Apresentar a pós-graduandos de todas as unidades USP e a outros públicos uma visão holística do papel da arte e da ciência e, consequentemente, da cultura no Brasil e no mundo atual é o objetivo da disciplina "Relações de Conhecimento entre Arte e Ciência: Gênero, Neocolonialismo e Espaço Sideral", que será ser oferecida no segundo semestre de 2019 pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação em associação com a Cátedra Olavo de Arte, Cultura e Ciência (pareceria entre o IEA e o Itaú Cultural).

 

 

 

Jornada de Seminários 2019-2020: Arte e Ciência no Brasil (EMENTA DISCIPLINA)

 

 

 


 

Seminário 01 - Arte, Cultura e Ciência e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável I

As urgências do futuro

Os dois primeiros encontros da Jornada Relações do Conhecimento entre Arte e Ciência: Gênero, Neocolonialismo e Espaço Sideral, que pretende esmiuçar as relações entre arte e ciência, abordaram a necessidade de pensar o futuro brasileiro e global sob a perspectiva dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas. No primeiro dia de atividades, os desafios e problemas da educação e cultura brasileiras foram o foco da discussão.

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Seminário 02 - Arte, Cultura e Ciência e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável II

Para qual futuro?

 

Os dois primeiros encontros da Jornada Relações do Conhecimento entre Arte e Ciência: Gênero, Neocolonialismo e Espaço Sideral, que pretende esmiuçar as relações entre arte e ciência, abordaram a necessidade de pensar o futuro brasileiro e global sob a perspectiva dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas. No primeiro dia de atividades, os desafios e problemas da educação e cultura brasileiras foram o foco da discussão.

 

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Seminário 03 - Relações do conhecimento em dois artistas cientistas I

Leonardo da Vinci

Leonardo da Vinci, homem do Renascimento, foi um investigador científico que usou a arte para descrever fenômenos da Física, Biologia e Medicina, propondo mecanismos delirantes para o seu tempo. Essa mesa será em homenagem ao professor emérito da USP, Alfredo Bosi, autor de "Arte e conhecimento em Leonardo da Vinci", livro no qual busca entender os vínculos entre a originalidade de sua arte e a ousadia de seu pensamento científico.

 

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Seminário 04 - Relações do conhecimento em dois artistas cientistas II

Cildo Meireles

 

A relação da obra de Cildo Meireles com a ciência é exemplar em termos internacionais, pela capacidade de utilizar conceitos (zero, topologia, geometria não euclidiana, buraco negro) para simbolizar situações sócio-políticas graves, mas sempre sem perder de vista a história da arte. Questões que envolvem sua obra serão levantadas por cientistas e historiadores da arte. O artista esteve presente no encontro.

 

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Seminário 05 - A coelha e Eu: arte, ciência e tecnologia

5° encontro da Jornada Relações do Conhecimento entre Arte e Ciência: Gênero, Neocolonialismo e Espaço Sideral discutirá inteligência artificial, as origens da cor-luz e a ética no universo da arte e da BioArt - manifestação artística inspirada na biologia que faz uso de moléculas, como proteínas e DNA, de células, até de organismos complexos, de invertebrados a vertebrados. O termo foi cunhado por Eduardo Kac em 1997 para referir-se à sua obra "Time Capsule", que utiliza biomateriais e tecnologias da imagem. A coelha Alba ou GFP Bunny (Green Fluorescent Protein) é uma obra de arte da engenharia genética. O gene da proteína fluorescente verde (GFP), inserido por transgenia na coelha, faz com que o animal fique verde quando exposto à luz fluorescente.

 

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Seminário 06 - Arte, música, física e psicanálise

Nuno Ramos, Arnaldo Antunes, Otavio Schipper e Sérgio Krakowski

 

6° encontro da Jornada Relações do Conhecimento entre Arte e Ciência: Gênero, Neocolonialismo e Espaço Sideral discutirá a interdisciplinaridade de conhecimentos, da física à biologia sintética, dos acordes musicais ao texto escrito, assim como suas relações intrínsecas com a psicanálise, que tem sua origem em Freud.

 

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Notícia

 

 

 


 

Seminário 7 - Da fragilidade, da falta de rigor, dos enganos da ciência e do falseamento da paisagem

O tema do 7º Encontro (dia 12) será Da Fragilidade, da Falta de Rigor, dos Enganos da Ciência e do Falseamento da Paisagem. O objetivo é discutir como a ciência e em especial a pseudo-ciência apresentam situações de falhas e equívocos.

As exposições serão de Paulo Herkenhoff (titular da cátedra), Letícia Ramos (artista plástica), Fernando Lindote (artista plástico), Raul Antelo (UFSC), Hernan Chaimovich (IQ-USP),  Walmor Corrêa (artista plástico) e Margareth Aparecida Campos da Silva Pereira (FAU-USP),  os dois últimos por gravações em vídeo. A moderação será de Helena Nader (também titular da cátedra).

 

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Notícia / Relato

 

 


 

Seminário 8 - O Matriarcado de Pindorama

A impossibilidade do silêncio

Por meio de exposições sobre personagens emblemáticas da contribuição das mulheres na arte e na ciência do Brasil, o encontro Matriarcado de Pindorama - A Impossibilidade do Silêncio, no dia 13 de setembro, possibilitou um panorama, ainda que parcial, do protagonismo feminino na sociedade e na cultura do país, com vozes que não podem e não devem se calar.

As expositoras foram Nádia Batella Gotlib (FFLCH-USP), Suzana Pasternak (IEA e FAU), Regina Pekelmann Markus (IB-USP) e Tânia Rivera (UFF). A moderação foi de Liliana Sousa e Silva, em pós-doutorado no IEA e coordenadora executiva da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência.

 

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Seminário 9 - Diagrama de alteridade

9° encontro da Jornada Relações do Conhecimento entre Arte e Ciência: Gênero, Neocolonialismo e Espaço Sideral

O modelo contemporâneo de arte como práxis ética de solidariedade social. Artistas recorrem à condição desvalida de pessoas e produzem arte a partir desse encontro, através de processos de alteridade ou de reconhecimento da subjetividade autoral e de sua condição de sujeito econômico da arte, eliminando-se a mais valia simbólica com benefícios reais ao outro envolvido. O modelo abstrato de diagrama é retirado do processo de demonstração científica.

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Seminário 10 - Concretismo, razão e industrialização

O concretismo é uma manifestação artística que teve em São Paulo seu centro maior, embora praticado em outras cidades. Deriva de ideias do Manifesto da Arte Concreta de Theo van Doesburg e outros. Seu Manifesto Ruptura preconizou princípios extremamente objetivos com relação ao pré-cálculo da forma, a redução do vocabulário cromático, o ato e a matéria pictóricos, o caráter de signo da arte. Absorveu ideias da estética industrial, fez o elogio da razão, representando uma dimensão ideológica da identificação de São Paulo com a ideia de progresso. A crise sociopolítica dos anos 1960 conduziu essa visão canônica ao impasse da significação social do concretismo. Algumas respostas foram singulares, como os Popcretos de Waldemar Cordeiro.

 

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Seminário 11 - Muito além de "paulistas e cariocas"

Mário Pedrosa e pontos extremos da modernidade no Brasil

Mário Pedrosa é o paradigma mais complexo de um pensamento radical sobre a arte. Sua trajetória e algumas de suas ideias incluem o modo como viu e reviu as relações entre paulistas e cariocas, concretistas e neoconcretistas, discutiu as grandes divisões ideológicas no mundo, aproximou a arte da ciência, observou o mercado e a ditadura de 64. Tudo isso faz de Pedrosa um autor seminal para compreender um momento especialmente elevado de pensamento crítico no Brasil.

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Homenageado: Mário Pedrosa, aclamado como o maior crítico de arte brasileira de todos os tempos. Tinha uma visão holística que envolvia um olhar rigoroso sobre a história, a psicanálise, a política, o lugar da matemática na abstração geométrica e outras considerações do conhecimento. Suas ideias pontuaram o século XX, desde o modernismo, até mesmo o século XXI, com princípios como “a arte é o exercício experimental da liberdade”, que ganha enorme validade no presente com as manifestações do Poder pela restrição da expressão dos artistas. Ademais, criou parâmetros conceituais para a compreensão do projeto construtivo brasileiro.

 


Seminário 12  - Brasil: do neoconcretismo à Tropicália

Lygia Clark, Hélio Oiticica, Lygia Pape, Ferreira Gullar e José Celso Martinez

O processo construtivo brasileiro foi um embate incansável de ideias. Uma copiosa fonte de reflexão teórica que terminou por constituir bases conceituais e estéticas muito diferentes, ou mesmo opostas, entre o concretismo e a arte neoconcreta. O neoconcretismo tem um claro fundamento de produção de conhecimento e presença do sujeito, inclusive pela convocação do outro. Enfrentou a crise dos anos 60 com o esgotamento da geometria canônica, através de propostas participativas e no encaminhamento na direção do tropicalismo.

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Homenageado: Oswald de Andrade. Existem artistas que são faróis da sociedade, porque lúcidos e indomáveis. Oswald de Andrade é um paradigma que se renova sempre, porque não propunha modelos formais, mas modos de pensamento crítico que se renovam a cada geração. Seu espectro de preocupações incluía a medicina, a antropologia, a eletrônica e outros campos da ciência. Por isso, sua antropofagia pode envolver, sem decalques, o Cinema Novo e a Tropicália, como continua estimulando ações artísticas experimentais para muito além do cânon.


 

Seminário 13 - Arte, gênero, sexualidade

As perplexidades do pensamento teórico

13° encontro da Jornada Relações do Conhecimento entre Arte e Ciência: Gênero, Neocolonialismo e Espaço Sideral reúne artistas e pensadores para discutir e levantar o turbilhão de transformações das identidades de gênero contemporâneas, sua fluidez, o lugar e a força do corpo vibrátil neste processo, os posicionamentos políticos de expansão da liberdade dos indivíduos e as novas dimensões da subjetividade.

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Homenageadas: Luz del FuegoPagu. Esta mesa homenageia duas mulheres audaciosas que deram ao Modernismo uma inesperada guinada sobre a liberdade sexual da mulher. Diferentemente de Tarsila, Pagu, sua rival, foi uma mulher contestatária e sem as amarras do catolicismo conservador da pintora modernista. Foi uma ativista na resistência contra a ditadura de Vargas, aliada ao proletariado, o que a levou a ser presa e torturada pela política política. Luz del Fuego, com origens em uma família de políticos, rompeu com os padrões moralistas da República, estabelecendo uma postura naturista que nada tinha de nudismo vulgar ou de pornografia, porque estava em busca de um contato mais autêntico com a natureza, o que a torna uma ecologista à frente de seu tempo.


Seminário 14 - Brasil, Brasis e sua complexa formação social

A complexa história da formação social do Brasil é atravessada por múltiplos movimentos, desde o choque para as populações autóctones (e sua “hospitalidade traída”) e a escravização dos africanos para a empresa colonial portuguesa. Ao longo da história o tripé étnico de Graça Aranha e Oswald de Andrade se pôs como uma estratégia de poder simbólico. Foram selecionados grupos sociais excluídos ou relegados pelo eurocentrismo do aludido tripé. Complementarmente, o Brasil plural enfrenta histórias de violência na dimensão geográfica, étnica e de classe social.

 

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Homenageado: Emanoel Araújo. O artista Emanoel Araújo representa um brilhante capítulo da história da arte dos afrodescendentes do Brasil. É aquele que volta à África em busca de matrizes estéticas e espirituais, atávicas ou contemporâneas para alimentar o projeto constitutivo brasileiro. Seu trabalho na arquitetura estética do Museu Afro Brasil significa uma ação que o Estado brasileiro não foi capaz de fazer com referência à cultura da maioria mestiça do Brasil. Seu olhar foi capaz de englobar também nossos cientistas negros. Por sua grandeza e abrangência, o Museu Afro não tem um par na cena internacional.


Seminário 15 - História e mito

Os povos Huni Kuin e Guarani

O foco deste seminário estará em duas sociedades indígenas. O povo huni-kuin é formado por mais de cem aldeias distribuídas em doze terras indígenas e mais de 13.000 pessoas. É a maior etnia do Acre. Vivem na área do Alto Juruá e Purus e o Vale do Javari. Serão apresentadas suas estratégias de preservação de seus mitos fundacionais, a formação dos jovens como legatários desta rica herança, sem tolher seus contatos com as tecnologias avançadas e o universo urbano. Os guaranis têm uma ampla presença na América do Sul, abrangendo o sudeste e o sul do Brasil, a Bolívia, o Paraguai, a Argentina e o Uruguai. Três aspectos da identidade guarani são a “alma” (ava ñe'ë) e a língua; os ancestrais míticos e o conjunto de costumes e mitos que regulam a vida social.

 

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Homenageado: Dua Busẽ. O octogenário cacique Dua Busẽ, da etnia Huni-Kuin, é uma liderança fundamental entre as sociedades indígenas brasileiras. Seu projeto de sociedade envolve os jovens na produção de um imaginário a partir dos mitos principais do panteón. Sua ideia é que a juventude abrace o universo simbólico de que é herdeira, sem recalcar sua curiosidade com relação às tecnologias e outras solicitações do mundo contemporâneo. Por isso, os huni-kuins, por exemplo, querem guardar sua memória na nuvem da web como modo de conservação física, divulgação internacional e aprendizado para os adolescentes das dezenas de  aldeias.


Seminário 16 - Escultura, física e política para as mitologias indígenas

 

A obra do escultor Ernesto Neto sempre foi vinculada à Física, com viradas para as Ciências Políticas (Leviathan de Hobbes). O artista tem também buscado relações de alteridade, saberes femininos e, agora, a visão cosmogônica de algumas sociedades indígenas. Suas esculturas e instalações não são meros comentários a seu repertório conceitual, mas uma forma de constituição de uma presença sensorial que plasma valores do mundo.

 

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Homenageado: Darcy RibeiroBerta Ribeiro. O casal Berta e Darcy Ribeiro representaram um salto epistemológico no conhecimento da riqueza cultural das sociedades indígenas do Brasil. Seu olhar agudo também teve um foco nas manifestações simbólicas, com refinado valor estético, desses povos estudados. Ambos se dedicaram à educação. Berta Ribeiro é um capítulo denso da longa história de mulheres que se embrenham nas selvas, enfrentam adversidades em busca do conhecimento do Outro. Darcy Ribeiro foi um homem renascentista com uma obra vasta de antropologia, história do olhar ocidental sobre os índios, fez literatura e foi um capítulo grandioso da universalização da educação no Brasil, ombreando com Anísio Teixeira e Paulo Freire. Cobriu o arco da educação, revolucionou com o sistema integral no Rio de Janeiro com os CIEPs no governo Brizola e criou universidades experimentais no campo da arte e da ciência, com distinção para a Universidade Brasília, devastada pela ditadura de 1964.


Seminário 17 - Etnologia e escravidão

(Des)compromissos da ciência com a liberdade

A artista Rosana Paulino tem se dedicado a um vocabulário plástico para dar conta de como o processo de escravização se apropriava dos corpos negros. Também criava situações contemporâneas de neoescravismo. Uma de suas preocupações recentes é trabalhar com visões edênicas do Brasil e observar como a expansão da etnografia foi muitas vezes acompanhada por uma indiferença das ciências humanas com respeito à escravidão. Comemoração da Semana da Consciência Negra.

 

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Homenageada: Lélia Gonzales foi uma antropóloga que faleceu prematuramente, mas viveu o suficiente para resistir à ditadura e implantar perspectivas avançadas de compreensão do legado histórico africano no Brasil contemporâneo. Na complexidade de seus estudos, chegou a perceber na língua brasileira situações em que a norma culta desprezava como erro de sintaxe e outros e que ela percebeu serem marcas duradouras de línguas africanas na fala dos escravos. A esta fusão linguística antropofágica, ela denominou portunegro.


Seminário 18 - Técnicas do apagamento e reconstrução da memória da escravidão nos espaços de eugenia urbanística

Da abolição ao presente, inúmeras técnicas de controle social procuraram ocultar a cultura negra e os sítios fundamentais da história da escravidão, como no caso da proposta de Rui Barbosa de destruir os arquivos da escravidão como modo de apagar a chaga do cativeiro. Outras formas da desmemorização foram a ideia de “higienização” das cidades, a teoria do embranquecimento e a apropriação de padrões afro-brasileiros por discursos de exotização. Comemoração da Semana da Consciência Negra.

 

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Homenageados: Manuel Querino e Abdias do Nascimento. Manuel Querino foi um abolicionista e historiador da arte que criou o mais radical corte analítico na história da arte brasileira, que é o reconhecimento do valor estético dos objetos de culto dos orixás. Essa posição no início do século XX resiste às teorias de embranquecimento e antecipavam ideias europeias sobre art nègre, numa compreensão que o próprio modernismo brasileiro não atingiu plenamente. Abdias do Nascimento, nascido em Franca, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde criou o Teatro Experimental do Negro, desenvolveu um ativismo cultural ao longo de sua vida. Sua resistência à ditadura de 1964, o levou ao exílio nos Estados Unidos, onde lecionou, desenvolveu sua pintura e fez contatos políticos com os black panthers. Grande referência para a emancipação dos negros no Brasil, foi eleito senador pelo Rio de Janeiro na abertura democrática.


Seminário 19 - Encontro com Helena Nader e Paulo Herkenhoff

Esta mesa promoverá um balanço das questões tratadas pelos acadêmicos da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência em 2019. Serão ouvidos os participantes dos seminários, discutidos caminhos de pesquisa e o futuro da própria cátedra quanto ao seu tema. Uma pergunta será feita mais uma vez: como a arte, a ciência e a cultura podem resistir ao obscurantismo e pensar a emancipação dos excluídos da sociedade, via o processo da educação?

Homenagem ao povo brasileiro sobrevivente e aos artistas e cientistas que resistem a toda forma de autoritarismo e obscurantismo.

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Atividades Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência: Catedráticos Paulo Herkenhoff e Helena Nader