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Questões de gênero, sexualidade e formação social do Brasil estarão em debate em jornada

Por Mauro Bellesa para o IEA/USP em 16/10/2019
Questões de gênero, sexualidade e formação social do Brasil estarão em debate em jornada

Luz del Fuego (à esq.) e Pagu, pioneiras contra o moralismo

Os encontros dos dias 31 de outubro e 1º de novembro da Jornada Relações do Conhecimento entre Arte e Ciência: Gênero, Neocolonialismo e Espaço Sideral terão com denominador comum a reflexão sobre a diversidade da sociedade brasileira, sua afirmação na arte e a luta contra a violência a que está sujeita ao longo da história do país.

Arte, Gênero, Sexualidade - As Perplexidades do Pensamento Teórico é o tema do 13° encontro (31 de outrubro, 14h). Nele, artistas e pesquisadores discutirão "o turbilhão de transformações das identidades de gênero contemporâneas, sua fluidez, o lugar e a força do corpo vibrátil nesse processo, os posicionamentos políticos de expansão da liberdade dos indivíduos e as novas dimensões da subjetividade", informam os coordenadores da jornada.

Os expositores serão Guilherme Altmayer (PUC-RJ), Fernanda Magalhães (UEL), Jair de Jesus Mari (Unifesp), Élle de Bernardini (artista visual) e Suely Rolnik (PUC-SP). A moderação será Helena Nader, titular da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura de Ciência.

Homenageadas

 

Luz del Fuego (Dora Vivacqua, 1917-1967) e Pagu (Patrícia Galvão, 1910-1962) são as homenageadas pelo encontro. Para Pauo Herkenhoff, também titular da cátedra, as duas foram mulheres audaciosas que deram ao Modernismo uma inesperada guinada sobre a liberdade sexual da mulher.

"Diferentemente de Tarsila do Amaral, Pagu, sua rival, foi uma mulher contestadora e sem as amarras do catolicismo conservador da pintora modernista. Foi uma ativista na resistência contra a ditadura de Getúlio Vargas e aliada do proletariado, o que a levou a ser presa e torturada pela polícia política."

Quanto à dançarina, naturista e feminista Luz del Fuego, Herkenhoff destaca suas origens numa família de políticos e seu rompimento com os padrões moralistas da época, "estabelecendo uma postura naturista que nada tinha de nudismo vulgar ou de pornografia, pois estava em busca de um contato mais autêntico com a natureza, o que a torna uma ecologista à frente de seu tempo".

O 14º encontro (1º de novembro, 14h) é intitulado Brasil, Brasis e sua Complexa Formação Social. O debate será sobre a história da constituição da sociedade brasileira, "atravessada por múltiplos movimentos, desde o choque para as populações autóctones (e sua 'hospitalidade traída') e a escravização dos africanos pela empresa colonial portuguesa" segundo os coordenadores da jornada.

"Ao longo da história, o tripé étnico [brancos, negros e indígenas] de Graça Aranha e Oswald de Andrade se pôs como uma estratégia de poder simbólico. Foram selecionados grupos sociais excluídos ou relegados pelo eurocentrismo do aludido tripé. Complementarmente, o Brasil plural enfrenta histórias de violência na dimensão geográfica, étnica e de classe social."

Os expositores serão o líder indígena Ailton KrenakMichel Schlesinger (Congregação Israelita Paulista), Marcelo Campos (Uerj), Soraya Soubhi Smaili (Unifesp) e João de Jesus de Paes Loureiro (UFPA).

A moderação será de Paulo Herkenhoff (Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura de Ciência do IEA)

Emanoel Araújo - 2017
O artista, curador e gestor cultural Emanoel Araujo
Homenageado

 

O homenageado pelo 14º encontro é o artista, curador e gestor cultural Emanoel Araujo, diretor executivo e curatorial do Museu Afro Brasil.

Araujo representa "um brilhante capítulo da história da arte dos afrodescendentes do Brasil", comenta Herkenhoff.

Esse capítulo é o da volta à África "em busca de matrizes estéticas e espirituais, atávicas ou contemporâneas, para alimentar o projeto constitutivo brasileiro".

O trabalho de Araujo na arquitetura estética do Museu Afro Brasil significa uma ação que o Estado não foi capaz de fazer em relação à cultura da maioria mestiça do Brasil, na opinião de Herkenhoff. "Seu olhar foi capaz de englobar também nossos cientistas negros. Por sua grandeza e abrangência, o Museu Afro não tem par na cena internacional."


Fonte: http://www.iea.usp.br/noticias/encontros-13-e-14-das-jornada