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Editorial da Seis

    Após dedicar sua quinta edição ao debate sobre políticas públicas para a arte e a cultura e, em grande parte, como decorrência das discussões que o tema levantou durante a elaboração da revista, a Número se debruça agora sobre o que nos parece uma questão anterior: a investigação das relações entre público e privado. Para tanto, a Seis procurou reunir um espectro amplo de abordagens sobre o tema, congregando artigos de profissionais de áreas distintas, com o intuito de pensar a esfera pública em suas várias acepções e questionar os limites entre esta e a esfera privada.

    A revista abre com um texto do filósofo Luiz Repa, que introduz o conceito de esfera pública a partir de Jürgen Habermas, apresentando sua origem histórica e discutindo a possibilidade de sua existência na contemporaneidade. Uma segunda colaboração vem do antropólogo Heitor Frúgoli, que condensa, aqui, seu estudo sobre práticas sociais no espaço urbano. A contribuição de Tânia Rivitti traz à tona a complexidade das relações entre o capital e os interesses públicos e privados no atual modelo de gestão de centros culturais. O texto de Guy Amado parte de exemplos pontuais para comentar mudanças no status do graffiti e a perda de seu caráter transgressor em função de interesses corporativos. No que tange à produção de arte propriamente dita, José Augusto Ribeiro explora diferentes perspectivas da dimensão da domesticidade a partir de dois exemplos: Projeto para a ocupação de uma casa, de João Loureiro e Objetos Médios, de Laura Housak Andreato e João Paulo Leite. O artigo de Daniela Labra dedica-se à obra do artista e pesquisador Stelarc, especialmente a suas novas experimentações com performances intra-corporais. O estatuto público da arte é abordado por Carla Zaccagnini e Tatiana Ferraz. A primeira discerra sobre a possibilidade de alcance público da arte em seu estado atual; enquanto Ferraz dedica-se à investigação da arte em espaços urbanos e às perspectivas de sua existência na cidade contemporânea. Seguindo a tradição da Número, essa edição contém ainda uma entrevista realizada por Thaís Rivitti e Juliano Gentile com Vladimir Safatle discorrendo, dentre outros assuntos, sobre os alcances da crítica hoje.

    A Seis inclui ainda intervenções de dois artistas convidados: o projeto de João Loureiro, que ocupa a capa e a contra-capa da revista e determina sua cor; e Pessoa Física (da série “Abstrações burocráticas”), desenvolvida por Marcius Galan.

    A fim de ampliar o debate, a Número estabeleceu uma colaboração com a exo - experimental org., que produziu um dossiê do projeto São Paulo S.A. para ser distribuído juntamente com esta edição. O encarte conta com texto do urbanista Kazuo Nakano e fotografias de George Dupin, abordando o tema da territorialização na metrópole paulistana.