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Entrevistando Priscila Arantes

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Zinia Carvalho: Pensando na preservação das obras em mídias digitais, o artista se preocupa com a segurança para conter o uso indiscriminado de apropriações quando isto não faz parte da intenção da obra?

Priscila Arantes: A apropriação de uma obra de arte ou imagem não é uma questão exclusiva das obras que fazem uso de mídias digitais, mas diz respeito ao contexto da cultura contemporânea e, portanto, da arte contemporânea em um sentido mais amplo.

 

ZC: Considerando as novas mídias, você pensa que é necessária a adequação na grade curricular dos cursos de graduação para conservador-restaurador objetivando comportar a preservação desta produção ou isto está dentro do universo da informática.

PA: A discussão da restauração e da conservação de uma obra de arte não diz respeito ao nicho exclusivo da arte digital. Falamos de restauração de escultura, pintura, dentre outras obras que se utilizam ou fazem uso de outras linguagens. Obviamente quando falamos em mídias digitais esta questão pode se fazer mais evidente em função da obsolescência programada fruto de um mercado de consumo cada vez mais voraz, principalmente quando falamos de tecnologia. Acredito que a inclusão de restauração de arte digital na grade curricular de cursos de restauração depende do objetivo do curso, mas pode ser sim um tópico da grade curricular mesmo que não seja para um conhecimento aprofundado de programação que obviamente vai implicar em um conhecimento sistemático do âmbito da informática, assim como outros restauros (de pintura, escultura) que demandam conhecimentos técnicos específicos.

ZC: No caso da obra BEABÁ, como seria o trabalho de recriação sem as informações de Giorgio Moscati? Ficaria a cargo de quem decidir os procedimentos a serem seguidos? Você não acha que a recriação da obra sem estas informações poderia criar um Frankenstein, como define o conservador espanhol Salvador Muñoz Viñas, ou então ser tão criativa que o profissional encarregado de executá-la se transformaria em um “co-autor” da mesma, como analisa a conservadora portuguesa Andreia Nogueira?

PA: Não sei. Depende de uma série de fatores. Mas no caso das obras em mídias digitais, o trabalho de recriação vai depender de um conjunto complexo de decisões que obviamente sempre vão levar ao desenvolvimento de uma outra obra que é diferente da “original”.

 

ZC: Nos projetos de comemorações do Paço das Artes, foi pensado contemplar a atualização da documentação das obras com dados que possam somar na exibição e na preservação das mesmas? Neste contexto foi solicitado a autorizações para migrações de mídias?

PA: No caso dos projetos de comemoração do Paço das Artes (o Livro/Acervo e a plataforma digital, por exemplo) focamos na documentação das obras que foram apresentadas na instituição mesmo por que o Paço das Artes não tem acervo artístico, uma vez que ele não é um museu no sentido estrito do termo. Mas a documentação desenvolvida nos dois projetos pode servir sim à exibição das obras, mesmo porque, no caso mais específico da plataforma, além das imagens e vídeos das obras, tínhamos o depoimento do artista que permite ter não somente um olhar ampliado do trabalho, mas de sua montagem e características técnicas específicas.

Periódico Permanente é a revista digital trimestral do Fórum Permanente. Seus seis primeiros números serão realizados com recursos do Prêmio Procultura de Estímulo às Artes Visuais 2010, gerido pela Funarte.

 

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