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Sobre o Fórum Permanente: Museus de Arte; entre o público e o privado

fp2011 versão 3.0

O Fórum Permanente, Museus de Arte, entre o público e o privado - FP, é uma Associação Cultural que opera como uma plataforma flutuante para a crítica, ação e mediação cultural, nacional e internacionalmente, em diferentes níveis do sistema de arte contemporânea. Sua estrutura é baseada inicialmente em uma rede de parcerias com diversos agentes atuantes nos campos das artes e da cultura, instituições de arte e agências culturais estrangeiras e nacionais, sejam da esfera pública ou privada. Em operação desde 2003, adquiriu figura jurídica como associação cultural em 2009.

As principais iniciativas do FP incluem: a gestão e curadoria de eventos discursivos e dialógicos; a organização de oficinas sobre curadoria e outras formas de mediação crítica (incluindo a formação e educação em campos e equipamentos culturais); a coordenação de pesquisas; a organização de publicações especializadas; a divulgação de eventos relacionados com arte contemporânea e instituições de arte e cultura; streaming on-line das atividades e publicação de relatos críticos sobre essas atividades; a atualização e manutenção de uma plataforma-arquivo que preserva a memória desses eventos e ações.

O website www.forumpermanente.org é assim uma interface cultural, que se constitui, de forma híbrida e simultânea, como uma ágora, um museu-laboratório, uma revista multimídia, uma biblioteca, um arquivo vivo. Neste site de referência nacional e internacional, o FP, além de manter a memória das ações já mencionadas, hospeda projetos de pesquisa em arte e cultura, disponibiliza informação e memória de cursos de graduação e pós-graduação na área, dossiês de instituições e organismos culturais, bem como  entrevistas e encontros realizados por sua equipe e por parceiros. O conteúdo do site é publicado sob uma licença livre, permitindo não só plena acessibilidade ao seu conteúdo como também a reprodução para fins não comerciais.

Como plataforma flutuante de crítica, ação, mediação e memória cultural, o Fórum Permanente passou por várias fases, desenvolvimentos diversos e mutações, em grande parte moldados pelos diferentes modos de associação, parceria, financiamento, interação e relacionamento. Um breve histórico:

  • versão 1.0: lançamento em 2003 em parceria com o Instituto Goethe. Essa parceria inclui não só um processo curatorial que desenvolveu um programa de eventos discursivos envolvendo especialistas estrangeiros e nacionais, como também o desenvolvimento do site <www.forumpermanente.org> inicialmente pela equipe de tecnologia da informação do escritório central do Goethe em Munique e, posteriormente, utilizando-se dos recursos e da tecnologia da Incubadora Virtual da Fapesp.

Ainda nesta fase tivemos uma progressiva expansão da rede de parceiros institucionais, como museus, centros culturais e em particular dos representantes culturais de países da comunidade européia, como o British Council, o Centro Cultural da Espanha e ocasionalmente os consulados da França e Holanda, como também as Secretarias de Cultura do Estado e do Município de São Paulo, além da Vitae e de empreendimentos particulares, como a Art Unlimited.  Em associação com os organismos europeus de cultura, o Fórum Permanente promoveu,  inicialmente, importantes parcerias, em particular com a 27ª Bienal de São Paulo, o Paço das Artes (co-organizando os primeiros 2 simpósios internacionais de arte contemporânea) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo.

  • versão 1.5:  a partir de 2008, o FP iniciou um processo que inclui não só a organização de eventos e coberturas críticas, como também agenciamentos de importantes ações coletivas.  Foi o caso do debate entre o recém criado IBRAM com os museus e instituições de arte da cidade de São Paulo (em parceria com o Museu Lasar Segall). O FP foi convidado a fazer a cobertura crítica do seminário que discutiu a arte contemporânea na feira de artes visuais Arco em Madrid, na Espanha e também a realizar uma cobertura crítica da 10ª Sonsbeek, exposição de escultura contemporânea em Arnhem, Holanda. No início de 2009, tornou-se uma associação cultural, assumindo a figura jurídica que antes era representada pelo Instituto Goethe. Mas a necessidade de desenvolvimento de uma versão 2.0 se deu, principalmente, com a crise econômica que abalou a Europa e os Estados Unidos em 2008.

  • versão 2.0:  com a escassez de recursos europeus, o Fórum buscou novos parceiros e outras possibilidades de financiamento. Ampliou também, significativamente, seu alcance,  no Brasil e no exterior. A pesquisa Economia das Exposições, realizada em 2010, de forma tripartite, graças ao convênio firmado entre MinC-Ministério da Cultura, Fundação Iberê Camargo e o FP, desenvolveu um estudo inédito sobre a economia das exposições nas instituições de arte contemporânea no Brasil. Visava contribuir na elaboração de políticas públicas adequadas para o setor, além de tornar-se uma ferramenta de trabalho para as próprias instituições em suas estratégias de gestão e desenvolvimento. Entre 2010 e 2013, o Fórum Permanente e a Pinacoteca estabeleceram convênio visando promover uma maior interação entre a programação deste museu e o modo como o FP organiza, agencia, media e divulga as atividades relacionadas ao sistema das artes visuais no Brasil.

Com recursos provenientes do Programa Brasil Arte Contemporânea da Fundação Bienal de São Paulo e do Ministério da Cultura o FP lança, em 2011, seus 3 primeiros livros. O lançamento desses livros foi realizado no Exterior —em New York (veja abaixo), em Caracas e em Bogotá— bem como em diferentes capitais do Brasil: Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Vitória, Recife, São Paulo e Rio de Janeiro.  Em 2012 o FP lança sua revista digital: o Periódico Permanente, que hoje está em sua 8ª edição. Os seis primeiros números do Periódico Permanente foram realizados com recursos do Prêmio Procultura Artes Visuais, gerido pela Funarte. Neste mesmo ano, o Fórum Permanente lança seu novo site com uma nova versão do Plone, um sistema de gerenciamento de conteúdo livre e de código aberto construído sobre o servidor de aplicativos Zope. A internacionalização de sua ação chegou a New York, com a cobertura crítica da conferência The Now Museum: Contemporary Art, Curating Histories, Alternative Models, realizada no New Museum em março de 2011.

  • versão 2.5:  nesta etapa, iniciada em 2013, o FP se consolidou como plataforma virtual de referência, em especial no Brasil. Os acessos deixam de ser quase que exclusivamente de capitais, revelando um interesse ampliado, proveniente de outras cidades de médio e pequeno porte do País, de um público diverso, atraído pelo material  disponível em seu site. Novos padrões de acesso internacional também são notados: além da América Latina, América do Norte e da Europa, registramos um acréscimo de visitas provenientes de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, O FP continuou desenvolvendo coberturas críticas, mas em ritmo menor, no entanto com mais regularidade e de forma concentrada. Destacam-se aqui os 10 anos ininterruptos de cobertura crítica dos Encontros Paulistas de Museus, e eventos produzidos pelo Museu Afro Brasil. Em 2013, o Fórum Permanente torna-se também um grupo de pesquisa no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo — IEA-USP.  Este novo contexto de reflexão, produção coletiva e interdisciplinar favorece uma atuação mais política, discursiva, documental e historiográfica. Além do programa de entrevistas e encontros focado em importantes agentes da cena das artes visuais contemporânea no Brasil, o FP também organizou duas jornadas que discutiram questões centrais no panorama mais amplo das instituições culturais em sintonia com a formação e pesquisa universitárias: Em Debate: Conservação e Preservação no Brasil & Encontros de Mediação na Arte Contemporânea: a atuação dos públicos.

O Fórum Permanente também serve de referência para novos programas institucionais do IEA-USP, em especial a Cátedra Olavo Setúbal de Arte e Cultura, lançada em 2015. Mais recentemente o FP apoiou um encontro histórico de ex-ministros da Cultura no IEA, realizado em correspondência com outros dois encontros de ex-ministros das pastas do Meio-Ambiente e da Educação.

  • versão 3.0: No final de 2018 o Fórum Permanente é premiado na qualidade de "Entidade Cultural" no Edital de Premiação dos Pontos de Cultura, lançado pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo em parceria com o MinC. O FP ficou entre as 100 melhores entidades classificadas recebendo um diploma que o certifica como Ponto de Cultura do Estado e também um prêmio como forma de reconhecimento pelas iniciativas culturais já desenvolvidas. Em um universo de 1.037 concorrentes foi uma enorme conquista para o conjunto dos associados e colaboradores da entidade! O FP em meados de 2019 lança uma nova estratégia para as suas mídias sociais principalmente no Instagram e Facebook, visando dinamizar e aumentar seu escopo de atuação e acessos: acesse aqui.

Desde meados de 2018, considerando as marcantes mudanças no cenário cultural do país na última década, a equipe executiva do FP desenvolve novo plano de ação, que visa renovar sua atuação como plataforma flutuante de crítica, ação, mediação e memória cultural. O FP intenta criar uma plataforma de crítica flutuante, que analisará a produção artístico-cultural, em particular a do sistema das artes visuais da cidade de São Paulo, considerando suas centralidades e a periferia. Uma outra frente é a de promover o ponto de cultura que somos e para tanto está em elaboração uma grande de atividades de formação, encontros e exposição. Está em andamento um processo de qualificação da associação como organização social tanto na esfera estadual, como municipal em São Paulo. Entendemos que este modelo de gestão de equipamentos culturais se firmou e que o Fórum Permanente, contando com seu histórico, valores e com a experiência de seus associados e sua rede de contatos, tem toda a capacidade técnica e profissional para se qualificar e futuramente gerir um equipamento cultural.

Martin Grossmann & Equipe Fórum Permanente.

Dezembro de 2018.




fp2011 versão 2.0


Fórum Permanente é uma Associação Cultural que opera como uma plataforma para a ação e mediação cultural, nacional e internacionalmente, em diferentes níveis do sistema de arte contemporânea. Sua estrutura é baseada em uma rede de parcerias com diversos agentes atuantes nos campos das artes e da cultura, instituições de arte e agências culturais estrangeiras.Em operação desde 2003, as principais iniciativas do Fórum Permanente incluem a curadoria de eventos discursivos e dialógicos, a organização de oficinas sobre curadoria e outras formas de mediação crítica, a coordenação de pesquisas, a organização de publicações especializadas, a divulgação de eventos relacionados com arte contemporânea e instituições de arte, streaming on-line das atividades e publicação de relatos críticos sobre essas atividades. O website www.forumpermanente.org é uma interface cultural e, portanto, se constitui, de forma híbrida e simultânea, como uma ágora, um museu-laboratório, uma revista, um arquivo vivo.  Desenvolve e hospeda projetos de pesquisa, debates e dossiês, bem como proporciona registros textuais e em vídeo de todas as atividades empreendidas pelo Fórum Permanente e seus parceiros no campo da arte e da cultura. O conteúdo do site é publicado sob uma licença livre, permitindo a sua reprodução para fins não comerciais.

O Fórum Permanente fomenta, portanto, o compartilhamento de idéias, experiências, conhecimentos que se relacionam ao universo dos museus, instituições culturais e o sistema da arte hoje em dia. Para tanto opera em rede conectando diferentes atores envolvidos nestes processos através de uma mediação cultural crítica. O que fazemos é coordenar e mediar encontros com o firme propósito de motivar o debate, o diálogo e o intercâmbio entre diferentes atores do sistema de arte local e global, desejando assim ampliar as práticas, o pensamento e também a crítica cultural. Esta estratégia visa também tornar o conhecimento e as informações produzidas neste empreendimento transparentes e disponíveis para o público. É por isso que nos associamos, desde o início, em 2003, com o Creative Commons, licença de direitos autorais.

Mediação cultural crítica é desenvolvida pelo Fórum Permanente por meio de um modelo bastante incomum, certamente inovador, uma mescla ou uma versão híbrida de ágora, museu, arquivo, base de dados e centro de memória / referência. Denominamos esta nova condição institucional como "floating.org": uma organização híbrida, flutuante, inter-dependente, que se apropria de algumas características de instituições "reais", bem como de "virtuais", e estratégias de ação de diferentes atores do sistema de arte, sejam eles artistas, curadores, o público e outros produtores socio-culturais. Mediação cultural crítica, uma vez que enfrenta também, objetivamente, processos "transnacionais" em condições de igualdade, ou pelo menos está disposto a faze-lo. Entendemos que estamos desenvolvendo uma interface de referencia crítica e contextual em um mundo que é ao mesmo tempo local e globalmente conectado.

O sucesso desta plataforma se deve principalmente a um modelo de parceria bastante produtiva, que desde o início se associou a agências estrangeiras culturais, como o Goethe Institut (que na verdade tem dado todo o suporte necessário para iniciar e manter este empreendimento), AECID-Agência Espanhola de Cooperação para o Desenvolvimento, o British Council, os Consulados Frances e Holandes em São Paulo. Além destas associações, o Fórum Permanente conta também com o apoio institucional da USP- Universidade de São Paulo, em particular da ECA-Escola de Comunicações e Artes e do CCE-Centro de Computação Eletrônica. O site inicial foi desenvolvido no ambiente da Incubadora Virtual de Conteúdos de Qualidade da FAPESP (2004-2008) e conta ocasionalmente com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. As principais instituições de arte em São Paulo, como a Bienal de São Paulo, a Pinacoteca, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Centro Cultural São Paulo, o Paço das Artes, o Museu Afro-Brasileiro, o Museu de Arte Contemporânea-USP, integram a rede, por meio de ações em parceria. Outras organizações relacionadas com o mercado de arte, tais como a Feira de Arte SParte e algumas galerias de arte também. O Fórum Permanente é um resultado direto de projeto de pesquisa acadêmico desenvolvido na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

Desde 2003 um pequeno grupo, muito ativo, de profissionais das artes, que conforma a equipe do Fórum Permanente, conseguiu criar, desenvolver e aprimorar uma interface/plataforma capaz de trazer para o mesmo campo de debate, versões contraditórias/ contrastantes/redundantes do que um museu de arte ou instituição cultural, relacionada a produção de arte contemporânea, pode ser em uma situação "periférica" (a cultura eurocêntrica) como a que encontramos no Brasil. Isto não é tudo, já que esta mesma equipe têm sido capaz de desenvolver programas específicos que analisam os diferentes contextos da arte contemporânea, como por exemplo as tendências da arte pública na atualidade e como as instituições estão reagindo a estas manifestações na esfera pública. Nesta dimensão investigativa da plataforma uma pesquisa pioneira, sobre a economia das exposições nas instituições de arte contemporânea no Brasil, foi realizada em todo o território brasileiro em 2010/2011. Este estudo, realizado em parceria com o Ministério da Cultura e a Fundação Iberê Camargo, pretende contribuir na elaboração de políticas públicas adequadas para o setor bem como constituir-se como uma ferramenta de trabalho para as próprias instituições em suas estratégias de gestão e desenvolvimento. A pesquisa mapeou as instituições que promovem ações no campo da arte contemporânea, nas diferentes regiões do Brasil. Mais de 70 instituições foram contatadas para responder a uma enquete realizada pela equipe de pesquisadores associada ao Fórum Permanente, fornecendo informações que agora constituem um banco de dados sobre as instituições mais atuantes no campo da arte contemporânea no Brasil

Outra questão de interesse sendo tratada sistematicamente pelo Fórum Permanente é a curadoria e outras formas de mediação crítica em arte contemporânea. Há uma série de workshops e eventos já coordenados e produzidos pelo Fórum Permanente, cujo foco são estas formas de atuação em arte e cultura. Estas atividades sempre contaram com a participação de peritos locais e estrangeiros. Um resultado significativo desta empreitada foi o encontro internacional sobre curadoria, organizado pelo Fórum Permanente no Centro Cultural São Paulo em setembro de 2010 e o ciclo de oficinas Curadoria e Contexto idealizado e organizado em parceria com o Centro Cultural da Espanha em São Paulo em 2011. Outro investimento foi na cobertura de importantes reuniões internacionais no domínio dos museus de arte e arte contemporânea. Começamos a produzir coberturas críticas de importantes eventos nesta esfera, com a reunião CIMAM-ICOM aqui em São Paulo em 2005. Na sequencia destacamos os seminários da 27 Bienal de São Paulo, (2006), a cobertura expandida da Documenta 12 (2004-2007) de Kassel na Alemanha, a da Feira de Arte ARCO 2008 em Madrid onde o Brasil foi o país homenageado, a exposição internacional de Sonsbeek 2008, em Arnhem, Holanda; e mais recentemente a Conferência Museu Agora, no New Museum de Nova Iorque em março 2011

Em eventos promovidos pelo Fórum Permanente com os seus parceiros desde outubro de 2003, o "especialista estrangeiro"  é convidado para um diálogo, para um intercâmbio, vis-à-vis com um especialista "local" visando com isto a contextualização dos debates. Além do registro em video de todas essas reuniões -boa parte transmitidas ao vivo pela internet, o Fórum Permanente também convida jovens escritores de arte (críticos, historiadores, jornalistas, artistas, etc) para acompanhar estes eventos e assim para escrever relatos críticos de cada um desses encontros, que podem ser, por um lado , simples palestras, como também eventos sofisticados, de grande porte, como "simpósios internacionais" (idealizamos e organizamos dois deles em parceria com o Paço das Artes: Padrões aos Pedaços: Pensamento Contemporâneo na Arte (2005) e Espaço , Aceleração e Amnésia: Arte e Pensamento na Contemporaneidade (2007). O Fórum também tem feito coberturas críticas de importantes eventos em museologia, como os 3 primeiros Encontros Paulista de Museus (2009/2010/2011) e o 2º Encontro Baiano de Museus (2010).

O Fórum Permanente concentra suas atividades em São Paulo, mas já apoiou eventos em outras cidades, como Recife, Salvador, Madri e Arnhem, buscando descentralizar-se. Envolve em suas atividades diferentes articuladores da arte contemporânea no Brasil e do cenário internacional. Tendo realizado até aqui mais de 130 eventos presenciais cujos registros e relatos se encontram disponíveis em seu arquivo, produz em média quinze eventos anuais, que vão de palestras e workshops a encontros e seminários. O site hoje é uma referência não só nacional como internacionalmente. Com um mailing dirigido de quase 30 mil emails, com seus 4.700 mega bits de tamanho, 2.170 páginas, 1.820 imagens, o site é acessado em média por 320 visitantes diários que folheiam 875 páginas, usuários estes provenientes de 337 cidades no Brasil e de 1.240 cidades no mundo (dados referentes a 2010). A abrangência internacional inclui países como Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, Cuba, México, Angola, Moçambique, Coreia, Tailândia, Filipinas, Índia, Austrália, Suécia, Noruega, Inglaterra, Irlanda e outros países da Europa Continental, bem como os Estados Unidos e o Canadá. Há dados curiosos como o fato de Berlim ser a 9ª cidade, Lisboa a 11ª, Madrid a 17ª e Bogotá a 22ª no ranking das cidades que mais acessam o site.

Com a longevidade e a consistência alcançadas, há hoje a possibilidade de lançarmos novos desafios para o Fórum Permanente. Um deles, há muito acalentado, é o da organização de publicações pautadas no rico e diversificado acervo discursivo do Fórum Permanente. Imaginávamos edições tipográficas que pudessem promover, de forma concentrada, o enquadramento conceitual e de crítica cultural desenvolvido pelo Fórum Permanente em seu site em formato hipertextual. Com o lançamento do Programa Brasil Arte Contemporânea em 2010, fruto da parceria entre o Ministério da Cultura e a Fundação Bienal, surgiu a oportunidade de investirmos neste projeto ao tomar parte do edital “Publicações em língua estrangeira de Arte Contemporânea”. Apresentamos três propostas, todas premiadas, com o firme propósito de lançarmos a Coleção Fórum Permanente de Livros. Museu Arte Hoje, Relatos Críticos 1: Seminários da 27ª Bienal de São Paulo, e Modos de Representação da Bienal de São Paulo indicam os caminhos desta linha editorial, não só pelos formatos apresentados mas pelos temas em evidência. A coleção assim se apresenta por meio de organização de coletâneas de acordo com as temáticas em debate, edições dos relatos críticos produzidos para os eventos registrados no site e livros que problematizem a institucionalização da arte, local e globalmente.

Os dois anos inicialmente pensados para a duração do projeto lançado em 2003 se multiplicaram. O Fórum Permanente completa em outubro de 2011 oito anos de vida. A rede Fórum Permanente é hoje formada por uma multidão, não só de indivíduos atuantes na esfera da arte e cultura, instituições culturais e de formação, como também um público expandido, de difícil qualificação, uma complexidade.


Martin Grossmann

Setembro 2011

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versão 1.0

Fórum Permanente: museus de arte; entre o público e o privado

Texto original escrito em junho de 2004, por Martin Grossmann

O Contexto

Apesar do grande sucesso alcançado pela arte brasileira no âmbito nacional e internacional, o seu contexto institucional continua sujeito a grandes flutuações e instabilidades. Importantes museus de arte no país e a própria Fundação Bienal de São Paulo sofrem com as freqüentes crises financeiras e políticas. No entanto assistimos, recentemente, significativas transformações e intervenções nessa frágil, mas extremamente fértil, paisagem cultural como, por exemplo: a ampliação e renovação dos equipamentos culturais, em grande parte facilitada e financiada pelas Leis de Incentivo à Cultura e por outros fundos públicos e privados; a criação e o fortalecimento de instituições privadas de representação oficial da cultura, tanto no âmbito nacional como no internacional; o surgimento e crescimento de instituições culturais atreladas a grandes coorporações financeiras; a existência de tentativas e casos esparsos que buscam atualizar e renovar a linguagem arquitetônica e simbólica relacionada a aparelhos culturais em nossos tempos, como museus, centros ou institutos culturais.

Os parâmetros dessa "indústria da cultura" brasileira em transformação e real crescimento, são complexos, oscilantes e vulneráveis. Vivenciamos um momento de transição, sujeito não só às idiossincrasias das antigas estruturas instituicionais, como também às exigências e desafios de uma situação contemporânea que demanda a internacionalização e profissionalização das atuações culturais. Apesar da melhoria e ampliação dos recursos voltados à formação e à atualização profissional, esses ainda não respondem satisfatoriamente às especificidades e às demandas dessa "indústria". Um mercado editorial em fase de consolidação e o pouco espaço reservado à cobertura especializada na mídia impressa não são suficientes na geração e manutenção de debates críticos e mobilizadores. Muitos assuntos merecem atenção, entre eles destacam-se os problemas que afetam os agentes, os processos e os meios do sistema de arte nacional, principalmente os relacionados à questão dos museus de arte, espécie de "condutores-chaves" de uma cultura pautada na representatividade e perenidade de suas ações e de suas roduções criativas.


O Fórum
O Fórum Permanente: Museus de Arte; entre o público e o privado propõe-se, nesse contexto mutante e flutuante propenso mais para o desarranjo do que para a consolidação de políticas e programas culturais capazes de gerar resultados a médio e longo prazo, a promover a interação dos vários interesses e atuações positivas e transformadoras associados a esse sistema. Tendo como pano de fundo não só o contexto territorial brasileiro, mas também o internacional, a sua intenção prioritária é a de se tornar uma dimensão compartilhada para instituições culturais, seus dirigentes, corpo técnico e demais sujeitos que direta ou indiretamente, conformam esse campo cultural. Como uma plataforma para a discussão crítica e também uma espécie de museu virtual,  o Fórum pretende, portanto, gerar reflexões e ações em torno do papel do Museu de Arte em tempos de espetacularização e virtualização da cultura. Este é o objetivo-chave, mas há, no entanto, um objetivo subliminar e formativo: o de contribuir, de forma significativa e mobilizadora, para o amadurecimento do contexto político-cultural das artes visuais em nosso país, por meio do incentivo de intercâmbios culturais, dentro e fora de suas fronteiras nacionais.

O Fórum Permanente estrutura-se na interação entre eventos presenciais (palestras, debates, seminários e workshops) e seus desdobramentos na esfera virtual, utilizando para tanto espaços culturais da cidade de São Paulo e um site especialmente planejado para esse fim www.forumpermanente.org. O Fórum Permanente terá inicialmente um período de vigência de dois anos. Seu desdobramento futuro será fruto do debate e da construção do próprio fórum. Sua programação será marcada por eventos regulares encabeçados por convidados especiais.

Além disso, o Fórum Permanente pretende também tomar partido da presença de diretores, curadores, pensadores e artistas nacionais e internacionais que São Paulo recebe constantemente. Esses especialistas, ocasionalmente, serão convidados a apresentar suas idéias e experiências em relação a função e situação do Museu de Arte hoje. Todos os eventos serão monitorados e registrados pela organização do Fórum Permanente. O material coletado e editado alimentará o site na Internet desenvolvido especialmente para esse fim. O site, além de documentar sistematicamente os eventos que constituem a programação cultural do Fórum Permanente, é também uma plataforma de discussão continuada. Em 2006, esse ciclo de palestras, workshops, seminários e encontros será encerrado com um Colóquio Internacional em São Paulo, quando estarão presentes seus principais interlocutores e quando as metas visando a continuidade de seu programa serão consolidadas.

Os temas
Os temas a serem debatidos estão diretamente relacionados ao papel e a ação do museu de arte na contemporaneidade. Entre eles merecem destaque:

a. Limites, territórios, interações entre as esferas públicas e privadas da cultura;
b. O museu público hoje;
c. O papel da iniciativa privada na modelação da paisagem cultural
contemporânea;
d. O papel da arte contemporânea na atualização das políticas e ações museológicas;
e. O papel do público no museu contemporâneo
f. Políticas culturais voltadas a museus de arte e congêneres;
g. Ação educativa e cultural em museus;
h. O museu e sua condição interdisciplinar;
i. O museu de arte em um sistema nacional de museus;
j. Museus das "capitais"  versus museus do "interior";
k. Museu e eventos "espetaculares" da cultura (entre eles a Bienal de São Paulo);
l. Museus de arte em rede: integração, correspondências, intercâmbios;
m. O museu entre a cultura material e a cultura na virtualidade das
novas mídias;
n. O museu de arte no século XXI
o. O museu e a cidade
p. Arquitetura de museus, entre outros;

Primeiras atividades (fase experimental: outubro a dezembro de 2003)
O Fórum Permanente iniciou sua programação de forma experimental em outubro de 2003 com a presença de seu primeiro convidado, o Dr. Ulrich Krempel, diretor do Sprengel Museum de Hannover, Alemanha. Sua vinda coincidiu com a visita à São Paulo do diretor da Tate Gallery de Londres, Inglaterra, Sir Nicholas Serrota. Nessa ocasião foi possível organizar três eventos centrados na questão do Museu de Arte na contemporaneidade. O primeiro deles foi uma mesa-redonda O Museu do Século XXI, no pavilhão da OCA no Parque Ibirapuera, como atividade paralela à exposição de acervo da Tate Gallery de Londres, A Bigger Splash: Arte Britânica da Tate, 1960 - 2003 . A mesa contou com a participação do diretor da Tate Gallery, Nicholas Serrota, do diretor do Sprengel Museum Hannover, Ulrich Krempel, do diretor do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães do Recife, Moacir dos Anjos, e de Martin Grossmann, mediador. Serrota apresentou ao público as principais conquistas da política cultural que vem captaneando desde finais da década de 80, responsável, entre outros, pela expansão física do museu.www.tate.org.ukEm uma primeira fase, ainda na década de 80, foram construídas duas filiais em solo Britânico mas distantes da capital: em St. Ives e Liverpool.  No entanto, o que mais atraiu a atenção da imprensa e da comunidade cultural em todo o mundo foi a monumental reforma do prédio que abrigava a antiga usina de energia do Bankside de Londres, às margens do rio Tâmisa, aberta ao público em maio de 2000: a Tate Modern. De forma paradoxal porém, Serrota argumentou que o modelo Tate de espetacularização da cultura, que compete lado-a-lado com o polêmico programa de franquia cultural-comercial do Guggenheim, não deve ser super-valorizado. Um antídoto para essa tendência, ele sugere, seria a relativização e regionalização de políticas museológicas. Essa colocação veio ao encontro da fala de Moacir dos Anjos que procurou mostrar como políticas culturais voltadas a grandes eventos e exposições de arte, que dominam o cenário cultural nacional e internacional nos últimos anos, prejudicam o processo de consolidação de museus regionais, como é o caso do MAMAM do Recife www.mamam.art.br. Por sua vez, Krempel também enfatizou a importância e o papel que museus de arte de médio e pequeno porte possuem na conformação de um contexto cultural em localidades que não integram o circuito cultural e turístico Europeu, nesse caso, Hannover, que é uma cidade de médio porte no Norte da Alemanha. O Sprengel Museum Hannover é um caso exemplar nesse sentido www.sprengel-museum.de. Esse museu possui um acervo representativo de arte moderna e contemporânea européia e norte-americana e desenvolve atividades voltadas, em boa parte, para a comunidade local e circunvizinha, o que o torna um espaço de referência nessa região.


As outras duas atividades em outubro de 2003 foram comandadas por Ulrich Krempel seguindo o formato sugerido pela coordenação do Fórum Permanente: uma palestra e um workshop. A palestra proferida no Instituto Goethe de São Paulo no dia 15 de outubro intitulada "Constituição de Acervo Como Ato Político" enfocou a "saga" da coleção de arte moderna do casal Sprengel, que em 1969 foi doada à cidade de Hannover, motivando a construção do museu inagurado em 1979.  Em plena entre-guerras na Alemanha e em meio a uma situação totalmente adversa à arte moderna, o casal Sprengel inicia sua coleção adquirindo obras de artistas ligados principalmente ao expressionismo alemão. Krempel explorou a importância desse ato não só para a instituição do museu como também no desenvolvimento e atualização de suas políticas culturais. Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado, convidado a atuar como debatedor, ressaltou a singularidade dessa "saga" e sua importância histórica. O workshop, por sua vez,  ocorrido na Pinacoteca do Estado, possibilitou aos inscritos o acesso a informações detalhadas sobre o funcionamento do museu, sua infra-estrutura e ações culturais. Motivados pela generosidade e informalidade do convidado, o público - formado principalmente por profissionais ligados a instituições cullturais — sentiu-se bastante à vontade para indagar sobre vários aspectos do dia-a-dia de um museu. Essa convivência se mostrou bastante proveitosa e deverá ser explorada em futuras edições do Fórum.


Martin Grossmann
São Paulo, 04 de junho de 2004