Encontros que fizeram e fazem a diferença
Andrea Matarazzo
2021
Secretário de Estado da Cultura de São Paulo de 2010 a 2012
Sumário Panorama Reflexivo 11 anos de Encontro Paulista de Museus | Encontro Paulista de Museus |
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Fui secretário de Estado da Cultura de São Paulo de maio de 2010 a abril de 2012. Nesse período, nossa gestão se empenhou em ampliar a ação da pasta, buscando atingir todos os cantos do território paulista e, ao mesmo tempo, alcançar as regiões periféricas das grandes cidades. O desafio era universalizar o acesso, sobretudo àqueles que não tinham condições de pagar por ele. Iniciamos um processo de revisão de orçamentos e prioridades, procurando assegurar o melhor uso aos recursos públicos, com responsabilidade e menos burocracia.
Um grande mérito do período reside menos nas novidades e mais na continuidade de políticas culturais que já haviam se mostrado eficientes. Assim, realizamos a segunda e a terceira edição do Encontro Paulista de Museus (EPM). Pude conferir a mobilização do setor museológico paulista e me empenhei para mobilizar esforços não só para a continuidade das ações, mas para a concretização das decisões tomadas nas plenárias.
“Ser diferente – fazer diferença” foi o título do 2º EPM, realizado em junho de 2010, no Memorial da América Latina, contando com uma especial conferência feita pelo saudoso Gilberto Dimenstein. “Articulando territórios” foi o tema do 3º EPM, no mesmo Memorial, em junho de 2011. Ambos os eventos contaram com importantes convidados nacionais (MinC, governos estaduais, museus como Inhotim) e internacionais, além de apresentações do poder público de vários municípios, começando pelo meu amigo Carlos Augusto Calil, então secretário de cultura da capital, seguido por secretários de Ribeirão Preto, Iguape e Presidente Prudente, além dos prefeitos de Olímpia, Amparo e Socorro – citando apenas algumas das falas principais[1].
Os Encontros Paulistas de Museus permitem compartilhar experiências e estimular inovações, fomentando melhorias nas políticas públicas de museus. Possibilitam aos operadores de cultura que conheçam e melhor utilizem nosso rico patrimônio museológico. Das realizações que pude concretizar, tenho especial alegria por ter estimulado esses encontros, que permitiram trocas e avanços tão ricos.
O EPM deve continuar a ser realizado a cada ano, inclusive com novas mesas temáticas, que permitam o contato com mudanças de concepção, aproveitem o interesse crescente pelos museus e enfrentem os desafios pós-pandemia com criatividade. Nosso potencial é enorme[2].
Num contexto de tanta carência de recursos, a possibilidade de aproximação com experiências e tecnologias que possam ser aproveitadas em diferentes contextos promove uma sinergia excelente e indica a pertinência de valorizar cada vez mais o sistema paulista de museus.
[1] Destaco essa participação do interior e do litoral porque ela representa muito do nosso esforço de interiorização das ações e investimentos, mas os EPM contaram com diversas autoridades, além de acadêmicos, gestores de museus municipais e estaduais, profissionais dos setores público, privado e da sociedade civil.
[2] Equipamentos culturais como o Museu Catavento, o Museu da Imagem e do Som ou a Biblioteca de São Paulo demonstram que investimentos bem-feitos em cultura geram mais interesse e visitações gigantescas. O Museu do Futebol é um exemplo de como um tema específico pode ser tratado de maneira fascinante, até para quem não é fã do esporte. E nosso Museu da Imigração é um dos melhores museus desse tipo no mundo.