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Balanço e projetos: 502 comensais voltam às suas casas

Por Julia Buenaventura – relato da sessão final do III Encontro Paulista de Museus

Por Julia Buenaventura

Balanço e projetos: 502 comensais voltam às suas casas

Como seu nome indica, a sessão final do III Encontro Paulista de Museus foi uma plenária, uma assembleia destinada ao balanço tanto das problemáticas quanto dos resultados, onde foram definidos os pontos a serem ajustados assim como os roteiros para o trabalho futuro. Desta forma, a estrutura da sessão consistiu em intervenções curtas: sínteses dos panoramas analisados durante o Encontro, e não em palestras que pudessem ser planejadas antecipadamente.

Antes de passar ao que foi dito, é útil atentar para a organização das entidades que fazem possível o Encontro, pois sem saber desta estruturação não seria possível compreender, de uma forma total e satisfatória, esta última sessão.

(Advirto: revisar órgãos institucionais costuma ser uma tarefa entediante, mas prometo não exceder seus próximos cinco minutos.)

A Secretaria de Estado da Cultura conta com a Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico (UPPM), encarregada de administrar o Sistema Estadual de Museus (SISEM-SP) que hoje tem 502 instituições, em 159 municípios. Este sistema (SISEM-SP), criado em 1986, tem como missão ajudar na integração e conservação dos museus sejam públicos ou privados, e divide  seu campo em três redes temáticas: “Museus Histórico-Pedagógicos”, “Museus de Ciências, Técnica e Tecnologia” e “Museus de Arte”.

 

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Em 2008, o Sistema Estadual de Museus passou por uma reestruturação geral, destinada a alcançar alguns pontos básicos: de uma parte, integrar e articular os museus, conseguindo que as pessoas envolvidas em um museu específico de um município determinado saíssem de seu círculo para ver o trabalho de seus vizinhos; e, de outra, apoiar programas de formação na área de museus: desde conservação de uma peça até administração de bens patrimoniais. Neste esforço, o Sistema optou por subdividir o Estado de São Paulo em 13 Pólos Regionais, subdivisão que foi apresentada no I Encontro Paulista de Museus, em 2009.

Assim sendo, neste momento existem duas subdivisões que possibilitam o trabalho da Unidade de Preservação: a primeira, e original, é temática; a segunda, de 2009, é regional-administrativa.

Bom, fiz toda esta introdução para deixar clara uma estrutura que, seguramente, interessará aos leitores do presente relato, mas também porque foi justamente essa lógica a encarregada de levar a plenária em questão. Daí que a primeira parte encarregou-se da subdivisão temática, enquanto a segunda encarregou-se da regional-administrativa.

 

I. Parte

Tratou dos balanços nas seguintes redes: Rede Museus Histórico-Pedagógicos, Rede Museus Ciências, Técnica e Tecnologia, Rede Museus de Arte.

Claudinéli Moreira Ramos, coordenadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico, abriu a sessão dando os agradecimentos a SISEM-SP, à Secretaria de Cultura, ao Conselho Internacional de Museus, ao Memorial da América Latina, à Produção do Evento e ao Fórum Permanente, projeto gerador deste e de outros textos sobre o III Encontro e da documentação crítica dos encontros anteriores (relatos críticos e registros em vídeos disponibilizados na íntegra na plataforma forumpermanente.org).

A Rede Museus Histórico-Pedagógicos foi apresentada por Renata Motta, diretora do SISEM-SP, que começou assinalando o seguinte dado: do conjunto instituições do Sistema Estadual de Museus, 50 por cento estão inseridas nessa classificação. Porém, o fato de compartilharem uma mesma denominação não significa que se tratem de entidades homogêneas, pelo contrário, ela diz, “a diversidade dos museus paulistas é tanta que causa espanto, e merece nosso olhar”. De qualquer forma, na sua diversidade coincidem em serem um passado que só encontra a sua razão de existir no futuro, como seu mesmo nome dá conta: histórico-pedagógicos. Um passado para as crianças, para que, sabendo aquilo que são, possam atuar no futuro.

Renata Motta assinalou a necessidade de desenvolver pesquisas nas temáticas do campo específico e, depois de fazer uma síntese da mesa em Museus Histórico-Pedagógicos acontecida o dia anterior (, concluiu afirmando que tinha se tratado de um conjunto de apresentações otimistas no marco de uma prática que, certamente, é difícil. [Ver relato de Valquíria Prates sobre a mesa Rede Paulista de Museus Históricos e Pedagógicos]

Na continuação, Mariana Rolim do Museu da Energia, apresentou a Rede Museus de Ciências, Técnica e Tecnologia, começando por um ponto básico: estes museus muitas vezes estão  vinculados a instituições diversas à Secretaria de Cultura, da mesma forma que, muitas vezes, não se trata de instituições públicas. Características que, se bem os separam dos museus históricos ou artísticos, não tiram sua relevância como acervos no panorama nacional e educativo.

Mariana Rolim apresentou três desafios: 1. formar um conjunto para o compartilhamento de informações; 2. alcançar um financiamento para exposições e para as instituições mesmas; 3. alcançar uma oferta na formação profissional abrindo novos cursos ou fazendo dos já existentes mais inclusivos. Então passou às duas propostas na sua área: articular as diferentes secretarias e unidades em infraestrutura, manutenção e financiamento; e possibilitar uma atuação do SISEM na área de recursos humanos, especificamente, em capacitação, formação, e abertura de oficinas e de estágios. [Ver relato de Camilo Mello Vasconcellos sobre a mesa Rede de Museus de ciência, tecnologia e técnica]

(Aqui não posso deixar de fazer um comentário. Esta intervenção correspondeu exatamente com sua denominação “Ciências, Técnica e Tecnologia”, pois a preocupação em organizar e dividir os campos referidos, resultou notória. De fato, contrastou com a intervenção anterior, onde essa preocupação em organizar é grande, mas sempre é sabida como ilusória. As formas de falar de Renata Motta e Mariana Rolim revelaram, sem querer, a divergência entre a História, onde tudo parece contingente, e a Ciência, onde nada poderia sê-lo.)

A Rede de Museus de Arte foi apresentada por Marcelo Araújo, da Pinacoteca de Estado, que começou pelo panorama geral, assinalando que dos 97 museus de arte do Estado mais da metade são municipais, o que faz estas instituições estar em direta relação de dependência com as administrações locais. Assim, o primeiro dos três desafios básicos é a obtenção de apoio político, isto é, conseguir uma compreensão da importância destes órgãos nas esferas de política local. Os outros dois desafios estão, pela sua parte, na profissionalização das equipes técnicas e a ampliação das comunicações institucionais. [Ver relato de Carlos Eduardo Riccioppo sobre a mesa Rede Paulista de Museus de Arte]

As propostas consistiram em dois objetivos claros: primeiro, a criação de um portal de internet compartilhado, uma rede entre museus; e, segundo, abrir  programas de qualificação e capacitação de equipes técnicas e gestores municipais.

No final desta primeira parte, Claudinéli deu respostas a esses pontos, assinalou o interesse da UPPM em capacitar e em abrir editais para os campos discutidos, primeiro dos museus em geral, e quando esse editais estiverem funcionando, abri-los nos campos específicos. Tomou nota dos assuntos trabalhados e prometeu realizar as diligências respectivas.

 

II. Parte

Tratou dos ajustes e as mudanças na subdivisão regional-administrativa.

Neste segmento, foram reestruturados os pólos criados em 2009. Basicamente a proposta consistiu em passar de 13 a 15 polos, os que correspondem com os 15 municípios do Estado de São Paulo. No mesmo espaço, foram assinalados os nomes dos coordenadores, mas ficaram dois por serem determinados; enquanto que representantes de Campinas e Ribeirão Preto interviram assinalando a possibilidade de subdividir suas respectivas zonas para facilitar trâmites administrativos. Essa parte dos pólos foi, então, fechada com o compromisso de enviar as informações atualizadas para as diversas instituições.

O final do evento (acontecido em 8 de junho de 2009) foi dedicado a um decreto, expedido em 3 de julho, sobre o Sistema Estadual de Museus, decreto que criou o Conselho de Orientação do Sistema, novo órgão destinado a organização da estrutura. Assim, do auditório foram convocadas duas pessoas a se apresentarem para participar dos conselhos, uma tarefa não remunerada. Apresentaram-se nove, e subiram ao palco.

Com eles ao palco, foram expostos os desafios para a Secretaria de Cultura no tema museus: fazer efetiva a organização dos polos, fazer um banco de dados sobre o espaço de discussão de museus, referendar diagnóstico de museus e municípios e, no final, efetuar uma reunião com o Secretário de  Estado para a coordenação dos polos.

E aí, entre palmas para os novos membros do Conselho e palmas pelo esforço de reunir os 502 museus do Estado, foi concluído o III Fórum Paulista de Museus.

 

(Uma nota. Ao final, Martin Grossmann, do Fórum Permanente, compartilhou os dados das visitas ao site forumpermanente.org desde 31 de maio, quando foi anunciado o evento no site, até 8 de junho, último dia do Encontro. Os números constataram o interesse do público e a capacidade do Fórum Permanente no trabalho de integração cultural; em pouco mais de uma semana foram 2.341 visitantes e 5.694 páginas visualizadas)