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De resistências e atualizações

Relato por Marcia Ferran do 3. encontro do Programa Meridianos - Gonzalo Díaz (Chile) e José Damasceno (Brasil), ocorrido em 13 de agosto de 2011 no MAM-RJ

3. encontro do Programa Meridianos - Gonzalo Díaz (Chile) e José Damasceno (Brasil).

A platéia que foi à sala da cinemateca do MAM do Rio de Janeiro no sábado azulado do dia treze de agosto experienciou um complexo compartilhamento de pensamentos dos artistas Gonzalo-Diaz (Chile, 1947) e José Damasceno (Brasil, 1968). Não se tratou exatamente de um diálogo, antes de uma co-presença enigmática no tom da citação inicial por parte de Camilo Osório, atuando como mediador-provocador: “para Aristóteles o enigma é a conexão de coisas impossíveis”.  Frente a uma sequencia de meditações sobre suas compreensões e intuições artísticas, tive a impressão de um outro compartilhamento silencioso: o desejo de cada um na platéia de conhecer as obras que fizeram daqueles homens artistas!

Cada um reagindo às perguntas do Diretor do MAM, a dinâmica em muito lembrou Deleuze em “Conversações”, onde o filósofo assume que o que o estimula são as relações entre as artes, a ciência e a filosofia. Para ele todas as disciplinas são criadoras sem que haja privilégio de uma em relação a outra.  Outros pensadores seriam lembrados: Aristóteles, o escritor português Gonçalo Tavares, Dostoievsky, OrtegaY Gasset, Lacan.

Na apresentação introdutória de Eugenio Valdés, o tom filosófico matizado entre o terreno da política e a estética, passando pela fenomenologia foi anunciado. Eugenio relembrou que Gonzalo-Diaz “bebeu” no pensamento do filósofo alemão Novalis uma definição para uma arte total à qual seria fiel: “Buscamos em toda parte o incondicionado e encontramos sempre somente coisas”. Já em relação à Damasceno, outras “dobras” foram instigadas; Valdés lembrou que o artista brasileiro certa vez dissera que “se reconhecêssemos o poder subversivo da metáfora, com respeito ao real, teríamos que aceitar que toda prática artística é, de algum modo, um gesto politico.”

A direção apontada então, seria então da interface arte e politica. Ainda, fechando a sua introdução, Valdés aludiu a um tema antológico que, entretanto, não seria abordado frontalmente pelos artistas convidados. Intrinsecamente, uma afirmação provocativa: “Por caminhos diferentes, Gonzalo e Damasceno colocam em questão o real e o verdadeiro”…

Essencialmente, os artistas reagiram à duas amplas perguntas elaboradas por Luis Camilo Osório.

 

Processos e transformações: enigma e enunciação

No primeiro bloco Camilo Osório relembrou a segunda edição da Bienal do Mercosul e a obra “Ao pé da letra” de Gonzalo-Diaz que o teria emudecido[1]  e gerado um  estranhamento da simultaneidade entre sedução e eloquência silenciosa, que seria um traço comum aos dois artistas.  Para Camilo Osório os trabalhos lidam não com o comunicacional mas com o enigmático, espaços que carregam memória, e diálogo com a Arquitetura.

 

Resistencia

 Gonzalo-Diaz – “resistência”

 

Em seguida, Gonzalo-Diaz foi solicitado a falar sobre o processo de transformação de seu trabalho à medida das transformações políticas no Chile, ele que teve seu período de formação nos anos 60 (anos de Allende, com alta carga libertária e ainda uma utopia antes do golpe), sua relação com  a universidade sob este clima de utopia e, nos anos 70 e 80 a ditadura sob o jugo de Pinochet e ainda a transição para a redemocratização. Por sua vez, José Damasceno foi solicitado a comentar sua formação e sua exposição com trabalhos dos anos 90 montada no próprio MAM, da coleção de Gilberto Châteaubriant.

Gonzalo respondeu centrando-se que seria inerente a vários artistas chilenos a impressão de uma estrutura insular:  “nós nos achamos numa ilha no Chile, não temos relação com Buenos Aires por exemplo. Estamos realmente isolados e a ditadura criou um hiper-isolamento.”  Segundo o artista chileno, sua formação foi típica das Belas Artes do séc. XIX e pelo isolamento peculiar ao Chile, só conheceu Duchamp décadas depois! Ele lembrou que Gerardo Mosquera dizia que a “Escena”[2] Chilena era das mais complexas cenas artístico políticas na América Latina.

Damasceno, por sua vez, respondeu lembrando de circunstâncias distintas, tendo começado no final dos anos 1980 e início de 1990, abriu mão da universidade para se dedicar aos cursos no Parque Lage. Iniciou curso universitário em Arquitetura e ao mesmo tempo das aulas em arquitetura ia realizando ideias em artes visuais. Os trabalhos da exposição do MAM, frisou, “são vigentes para mim, trazem uma série de inquietações que me acompanham. Rever é como vê-los pela primeira vez.” Ao citar o aforismo de Ortega, o artista brasileiro apontou que entende que as obras trazem a problemática da circunstância e ainda o ajudam a traduzir a nova geografia à reboque da tal “aceleração”. O adensamento da escala da informação causa saturação e banalização e gera nova geografia, com uma nova escala cognitiva e exponencial.  “Acredito que as obras possam me ajudar a entender esta nova geografia.” Aquele adensamento viria acompanhando por uma sensação de aridez trazida pela profusão de informação. O lastro de Damasceno seria um constante auto questionamento: dentro de sua constelação de interesses, o tempo todo se pergunta: o que interessa? A questão da sociedade de informação, da pressão neurótica que cria uma falsa necessidade de resposta ou pior, a falsa informação, foram questões citadas por ele e reiteradas por Eugenio Valdés.

Talvez uma singela brecha entre o dito e o não dito marque os contrastes entre as perspectivas de Gonzalo-Diaz e de Damasceno. Vejamos: já na fase final do debate, o artista brasileiro mencionou um aforismo do filósofo Espanhol Ortega y Gasset:  “minha vida sou eu e minhas circunstâncias”. Porém, este é apenas o primeiro trecho do aforismo, que continua com “e se não salvo a ela, não salvo a mim" (Ortega, 1967). É no hiato entre a primeira parte e a segunda parte do aforismo que se pode intuir as diferenças e especificidades de percursos que Camilo Osório tentou trazer à tona na primeira pergunta. Com a frase: Eu sou eu e minha circunstância, Ortega y Gasset particulariza os problemas de cada homem. A continuação desta mesma frase: se não salvo a ela (circunstância) não salvo a mim, indica que o homem pode mudar a sua vida transformando a realidade em que vive. Se não o fizer afunda-se na circunstância e se exime de conferir sentido à sua própria vida. Para o filósofo, o crucial era olhar os problemas sociais e políticos como estratégia para mudar a circunstância, defendia que as plataformas para isto eram antes a educação e o nível cultural das pessoas, instâncias aproximadoras dos homens e não guerras. O problema era também político, tratava-se de transformar a Espanha, e em paralelo uma injunção concreta, para a conjunção entre o “eu” e a circunstância. Havia uma instância histórica em jogo- situação e temporalidade.

Respondendo à questão da influência dos processos políticos na sua trajetória, ao relembrar sua transição para outros meios além da pintura Gonzalo-Diaz situa: “e precisamente por essa situação terrível do golpe no Chile, acho que foi a razão pela qual não sei se abandonei a pintura, mas estendi essa linguagem para outro meio, objetual ou de relações. Parecia-me que era mais possível responder a uma situação que era muito presente com um meio que era mais rápido, mais preciso, mais contundente. Parecia-me que a pintura e o tempo lento que requeria não era uma linguagem que me permitia viver esta situação”.

Ele fala de urgência e urgência é política e o meio é poético. Fala também de velocidade de resposta. Talvez um dos cernes da especificidade, tão dissensual, sobre a arte latina. Uma velocidade regida pela necessidade de transformar a sua circunstância espaço-temporal, o Chile, fazer ouvir o verbo ferozmente calado. Ditaduras específicas e respostas específicas. Lembremos Borges ao atacar a imperativo das identidades nacionais ou supra nacionais na Arte: “O europeu é invenção do americano”...Quais os sinais da latinidade podemos perguntar em ano de Bienal do Mercosul?

 

Arte versus comunicação: enunciação poética e política

 

No segundo grande bloco Camilo Osório sublinhou a questão da presença peculiar da palavra nos trabalhos dos dois artistas. A visada da narratividade e as opções pessoais e poéticas de cada um, entretanto, foram pontos que deixaram, ao meu ver, um tanto de frustração. Foram mais instigados pelo mediador do que realmente aprofundados pelos dois artistas. Assim, Camilo Osório coloca com precisão que a palavra (que podemos ver como o elemento textual numa das correntes do Retorno do Real, na análise de Hal Foster) ao invés de vir “falar sobre” passa a compor uma “outra materialidade que se diferencia de uma “comunicação informativa”  garantindo um “frescor de nomeação”. 

Para Camilo Osório a palavra entra nos trabalhos dos dois artistas no registro de uma “opacidade intrínseca”. Gonzalo-Diaz reage afirmando que a arte nunca deverá ser a ilustração do discurso de outro, nem de um rei, e que a partir daí adentramos num problema, a questão de discurso. Na obra Ao pé da letra, esclarece, o que ele fez foi  “monumentalizar o corpo das letras”. Sem dúvida, este tipo de re-apresentação pelo próprio artista remete a um dos objetivos do programa Meridianos “uma fala diferente da fala das obras”. Porém não houve aprofundamento destas interfaces, entre o que seria do campo da linguagem, semiótica e novas narrativas na “geopoética” atual (para acionar a ênfase da Bienal do Mercosul de 2011).

Um contraste interessante entre os dois artistas mereceria um maior aprofundamento, talvez apenas possível num tête-a-tête. Se desde o inicio a questão dos períodos políticos específicos[3] no Chile foram sublinhados por Camilo Osório e Eugenio Valdés, mais subjetiva foi a resposta de Damasceno que se resguardou na ênfase a uma micro-política à la Foucault.

Por sua vez, reconhecendo-se como um provinciano e menos internacional do que seu colega mais novo brasileiro, ele voltou a sensação de insularidade. Ainda citou Heidegger e completou: “só posso trabalhar assim, na província... nesta farsa da comunicação atual, os referentes vem da província !”.

Gonzalo-Diaz trouxe à baila uma “circunstância” maior e global: o capitalismo e a especulação financeira, que não deixavam de estar atrelados a ditadura chilena. A “deixa” para tal nexo emergiu da pergunta de uma pessoa da platéia sobre a influência das insurreições, reivindicações e movimentos sociais atuais em vários países sobre a produção artística, e ele se referiu ao documentário “Inside Job” de 2010, sobre as razões e os agentes políticos e econômicos por trás da quebradeira financeira iniciada em Wall Street que levaria de roldão à falência de um pais como Islândia. Ele mostrou que “a sociedade civil em todo o mundo está até aqui de que esta força econômica e depredadora do planeta façam e desfaçam toda a cidadania, digamos…e eu creio que esta reclamação, que começou nos países árabes há pouco tempo, siga aí, que vá explodir em Londres, Paris, logo com as migrações e que agora está em Santiago”. Ora, Gonzalo-Diaz provou não ter nada de provinciano!

Damasceno traça sua margem de inserção:  estamos nas artes visuais/ Qual a natureza da visão? Caberia desdobrar esta definição, não de visão, mas da autonomia da visão na arte contemporânea. Pareceu-me um tanto rápida ou quase desapercebida esta tomada de posição.

Gonzalo ampliou a alusão a Morandi feita por Damasceno, elogiando a economia do seu trabalho, que atravessando o sec XIX  resistiu. Foi um ponto de conexão entre os dois artistas, este exemplo aparentemente tão instrumental!

Luis Camilo Osório citou o escritor português Gonçalo Tavares com o livro “O senhor Valéry” e destacou que o traço está na origem do desenho, da letra e do número”. Embora a noção de “risco” fosse preferível e mais potente para Osório, ele volta a questão de que nos dois artistas a origem estava no desenho.

Da fricção entre as ideias dos dois artistas fica talvez uma pergunta articulada: O que é mais importante; a grande complexidade do sistema econômico ou o modo como o olho percebe o fenômeno de apreender a transparência? Esta última pergunta parece inquietar mais Damasceno que relatou estar se dedicando à natureza-morta, apesar de estar mais marcado publicamente por sua trajetória em escultura.  Ele destaca que seu foco estaria no pensar a magnitude de problemas como foco e contenção. Como escultor, recoloca no centro a imaginação e escala como atributos da escultura.

 

Organograma

José Damasceno – “Organograma”

 

Respondendo de certa forma a Camilo Osório que aproxima os dois artisats pela presença do desenho em seus projetos, o artista brasileiro aborda fenomenologicamente a questão: “Obras são máquinas que nos fazem pensar a transparência; o desenho traz uma noção de enunciado, novas sínteses, reúnem elementos antagônicos. Pensando nas artes plásticas, pensando na Ciência, elas não trazem um método.” Ampliemos a abordagem:  Gilles Deleuze em “O que é a Filosofia” coloca: “A arte e a filosofia perpassam o caos, e o afrontam, mas não se trata do mesmo plano de corte, não é a mesma maneira de o povoar, aqui constelação de universos ou afetos ou perceptos, lá complexos de imanências ou conceitos. A arte não pensa menos que a filosofia, mas ela pensa por afetos e perceptos”.

Para Damasceno as obras não tem que cumprir expectativas, elas tem que ir além e é aí que a arte começaria a acontecer. 

Talvez em função da dinâmica que propôs primeiramente a fala dos dois e só posteriormente a visita compartilhada da exposição de Damasceno no próprio MAM poucas obras foram aludidas : “Al calor del pensamiento”,  “Ao pé da letra” e “Resistencia” de Gonzalo-Diaz; e “Organograma” , “Elevador” e ainda a exposição “Coordenadas y Apariciones” no Museu Reina Sofia em Madrid de José Damasceno[4].

Gonzalo Diaz sobre a obra “Al calor del pensamiento” comentada por Eugenio Valdés,  e sobre a presença da palavra, eixo apontado por Camilo Osório, onde escreveu a frase em alemão de Novalis em sentido literal o artista detalhou: “Em respeito à questão dos títulos, também emprego em muitas obras um título que tenha uma função similar à alça de uma mala(…) ou também serve às vezes para contradizer ou estranhar, estender ou propor um sentido mais além da fronteira, digamos assim, pelos objetos que nomeia. O que eu dizia antes, pela questão do uso do texto, como disse José, mais que uma ferramenta, diria que é um significante, como qualquer outro”.

 

Al calor Del pensamiento

Gonzalo-Diaz – “Al calor Del pensamiento”

 

Neste momento, podemos retroceder àquela afirmação provocativa de Eugenio Valdés no inicio do encontro sobre o “real” e o “verdadeiro” através da obra “Resistência” do artista chileno. Ora, sabemos que o “real” para Lacan, (também citado por Damasceno: “o inconsciente é linguagem”) remete ao “traumático”, ao  vivido e este vivido não é supra-carnal. Qual melhor exemplo do que a obra “Resistencia” para sintetizar o real, o político e o poético, ultrapassando a visualidade pura para instar o expectador a lidar com a “emissão calórica”, e lidar com os limites da dor, da resistência do corpo também primeira instancia política[5], exposto e submetido a tortura… Crucial se faz, para entender esta obra, ter em mente a singularidade de um artista cujo país teve um dia um poeta como candidato a presidência[6].

Instado por uma pessoa da platéia a comentar sobre a política hoje no Chile  desde Michelle Bachelet e desde Lula no Brasil e os efeitos políticos na arte dos dois artistas, Gonzalo-Diaz fez alusão aos movimentos das populações no Egito, Líbia, Espanha e Inglaterra e enfim alertou que em Santiago do Chile também estão ocorrendo mobilizações. Deu a dimensão de quão mais fluidos estão os fluxos que podem tanto ser de uma cascata trans-Atlântica de engajamentos políticos quanto um singelo e potente encontro entre dois artistas de países próximos e distantes como Brasil e Chile.



[1] Para imagens e bibliografia sobre obras de Gonzalo-Dìaz acessar o site da Daros: http://www.casadaros.net/eMP/eMuseumPlus?service=ExternalInterface&lang=pt&module=artist&viewType=detailView&objectId=10319

[2] Ao abrir a conversa, o diretor da Daros, Eugenio Valdés também havia situado o pano-de-fundo do artista chileno, apontando que Gonzalo-Diaz pertence ao que a crítica e curadora Nelly Richard denominou de “Escena de avanzada”. Nelly Richard empregou a noção de “Cena Avançada” pela primeira vez no seu texto “Una mirada sobra el arte en Chile” publicado em 1981 explicando que “o que se poderia entender por Cena Avançada’- por cena de transformação das mecânicas de produção e subversão dos códigos da comunicação cultural-, tratando-se da entrada em cena de uma sequência assim inaugural…”. Richard, Nelly. Una mirada sobre el arte en Chile autoedición p.3. Neste momento a autora abordava obras específicas de Eugenio Dittborn, Arturo Duclos, Silvio Paredes, Ariel Rodríguez, Mario Soro, Carlos Altamirano, Carlos Leppe, Raúl Zurita, Diamela Eltit, Marcela Serrano, Lotty Rosenfeld e  C.A.D.A.

A noção de Escena de Avanzada foi abordada também por Justo Pastor Melado em 1997, que assinala em seu texto- publicado no catálogo da primeira Bienal do Mercosul- a importância dos escritos de Nelly Richard para abordar tal termo, mas também sua vinculação em termos de gestora de variadas iniciativas de circulação da obra de artistas em contextos internacionais(…) A noção de escena de avanzada remete à uma marca registrada, para um conjunto de trabalhos de escrita e de produção de obras, garantidas pela escrita de Nelly Richard(…)Ver o Catálogo da 1a. Bienal de Artes Visuais do Mercosul, 2 de outubro a 30 de novembro de 1997, (Porto Alegre, Brasil), pp.522-523.

[3] Para aprofundar sobre propostas programáticas em arte e cultura nos anos 1970, ver Mario Pedrosa em ARANTES, Otilia (org) . Política das Artes/ Mario Pedrosa.  São Paulo: EDUSP, 1995. O Modelo Chileno de socialismo e a frente das artes. p. 315, 314. No mesmo livro, os artigos sobre a Bienal de São Paulo são úteis para fazer um paralelo com artistas brasileiros contemporâneos de Gonzalo-Diaz, como Antonio Dias e Helio Oiticica.

[5] Cabe pesquisar as falas de Teresa Serrano e Lenora de Barros sobre performance em outro encontro do projeto Meridianos.

[6] Pablo Neruda em 1969 pelo então Partido Comunista.

 

Relato por Marcia Ferran