Tão Sério como o Prazer

Oficina do Programa 'Formação para a Cultura' da Agência Espanhola de Cooperação Internacional

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EMBAJADA

DE ESPAÑA

EN BRASIL


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Oficina Técnica de Cooperación - Brasil

 

 

 

Professora: Chus Martínez, Diretora da Sala Recalde de Bilbao

 

Organização: Embaixada da Espanha - Agência Espanhola de Cooperação Internacional

 

Objetivo do curso: A proposta desta oficina de curadoria é pensar e discutir sobre as possibilidades e os limites do espaço social que podem surgir a partir da cultura, entendendo esta como um resultado do esforço de múltiplos agentes pela criação de espaços híbridos, fluidos e permeáveis a modelos de pensamento não-regulados. O objetivo final desta oficina é propor vias de “mediação” cultural que sejam capazes de gerar diferenças no tratamento da cultura.

 

Público-alvo: direcionado a profissionais da cultura (artistas, curadores, críticos, historiadores e etc.) comprometidos com a prática artística contemporânea (vinculados a instituições públicas, privadas ou independentes) e conhecedores da realidade artística de seu país.

 

Locais:

Brasília: de 04 a 06 de agosto. Centro Cultural Brasil España.

São Paulo: de 11 a 13 de agosto. Paço das Artes.

Fortaleza: de 15 a 17 de agosto. Centro Dragão do Mar. (por confirmar)

 

Duração: 18 horas divididas em três sessões diárias.

 

Horário: 9hs às 12hs e 14hs às 17hs

 

Inscrições: serão abertas em breve. Acompanhe a abertura de inscrições pelo site do Fórum Permanente.

 

Número de participantes: 20

 

Metodologia de trabalho: serão realizadas três sessões, sendo que durante a manhã será feita a introdução de conceitos e durante a tarde serão realizados os debates baseados nos textos teóricos e na própria experiência profissional dos especialistas participantes, estudando casos práticos propostos pela professora e pelos próprios profissionais presentes no curso.

 

 

Programa do curso:

As sessões consistirão em três dias de intenso trabalho e reflexão: o quê significa trabalhar com curadoria, “programar”; quais são nossas metas ao abordar o trabalho em equipe com os artistas e os diferentes contextos para a realização deste trabalho? A exposição não é o único, mas apenas um dos vários formatos que podem ser utilizados. A tarefa de prover uma prática (não uma obra) de contexto pode ser feita com o desenvolvimento de diversas ferramentas de trabalho e de interação com a cidade e a cidadania (ou o público virtual, que somente teria acesso ao resultado através de um site ou da documentação do trabalho).

 

 

 

Durante as três sessões matinais serão introduzidas estas três noções fundamentais com a utilização de exemplos bastante claros.

 

  1. Qual é a figura do curador?
  2. Como estruturar o trabalho de maneira que o resultado não seja o produto de um “casting” de obras, mas uma análise precisa das perguntas que suscitam?
  3. Uma das características fundamentais da arte atual é o que podemos denominar giro sociológico. Nesta sessão, será analisada a relação entre práticas orientadas para a ação direta (ação social) e uma disciplina - a história da arte - que, a princípio, encontra-se alheia a este tipo de “contaminações”.

 

As sessões da tarde serão voltadas para a discussão. Por isso, é obrigatória a leitura de uma seleção de textos que estará disponível antecipadamente aos participantes. Cada um dos participantes deve entender que não se trata de uma palestra, mas de uma oficina com o objetivo de compartilhar as experiências e principalmente os problemas que cada um de nós enfrenta em seu trabalho.

A sessão inaugural da oficina consistirá em um repasse por estas perguntas através da experiência da professora Chus Martínez em uma instituição cultural espanhola, a Sala Rekalde (www.salarekalde.com), que tem a particularidade de ser uma das poucas que não forma coleção e que, estritamente falando, não é um centro de arte. Nos últimos três anos, esta instituição constituiu sua programação com um experimento para restabelecer a conexão entre a cidade e o espaço, utilizando formatos muito diversos, formas de apresentação discursivas, editoriais, expositivas em grande formato, project-room, seminários e um arquivo destinado a receber os trabalhos de artistas que não expõem, mas com os quais a instituição se compromete.

 

 

Informação complementar:

 

CURADOR:

 

Nesta primeira sessão introdutória, além de fazer um breve repasse pela etimologia do término, será dada uma especial atenção à figura de Harald Zseeman e à mítica exposição “When Attitudes Become Form. Live in your head” (Kunsthalle Bern März 22 - April 17, 1969). A proposta é fazer a leitura de um texto de Johana Drucker no qual analisa o que esta exposição significou na época, como foi aceita e a mudança que provocou no modo de trabalhar dentro e fora de uma instituição.

 

A Europa e vários outros lugares do mundo não participaram da tradição que os norte-americanos denominam “institutional critique”. Na prática da curadoria, este fato resultou em uma forma de reintroduzir diversas questões que os artistas conceituais questionaram: a desmaterialização da arte; a necessidade de vincular a arte com o real e o fato de que a arte participa de uma forma direta dos discursos que definem o que é nosso contexto cultural: história, sociologia, ciências sociais e economia, por exemplo. Mas, em alguns momentos, incorreu-se na supervalorização excessiva desta figura ou de uma confusão entre o curador e a própria figura do artista – própria de meados da década de 90. Para tanto, a proposta é a análise de um texto que marcou época: A estética relacional, texto do curador e diretor francês do Palais de Tokyo, Nicolas Bourriaud. Este texto define um tipo de trabalho e uma forma de aproximação, ao mesmo tempo em que marca uma década e reabre a análise da relação entre a instituição e o formato expositivo como o único possível. A sugestão deste texto se justifica pelos desacordos e reflexões que pode provocar, resultando bastante eloqüentes para entender o triângulo: obra-instituição-curador.

 

SELEÇÃO:

 

Nesta sessão tentaremos analisar a idéia de “formato”. A exposição é somente uma opção entre as várias possíveis para o desenvolvimento do trabalho. Em muitos países, inclusive na Espanha, as razões históricas levaram a uma ênfase exagerada na necessidade de “mostrar”, de prover de oportunidades para que as pessoas se relacionem com a arte contemporânea. Arte jovem e democracia jovem andam juntas, caindo de novo no curioso formalismo do novo e na recorrência ao contemporâneo como bandeira de uma nação politicamente normalizada. Coleções criadas rapidamente com significativos orçamentos anuais ou mostras coletivas destinadas a “dar oportunidades a uma nova geração” são fórmulas habituais, porém se esgotam facilmente.

Alguns capítulos do livro de Tony Bennet “The Birth of the Museum” e um caso para estudo: os últimos três anos do Kunstverein de Munique sob a direção de Maria Lind serão os textos propostos para refletir sobre os diferentes contextos do trabalho de curadoria e sobre a possibilidade de não excluir trabalhos ou práticas por desenvolver-se em determinado formato ou por pertencer a uma geração que não está na moda.

Isso nos permitirá estudar as diferenças entre contextos que têm como referência uma coleção e discutir as diversas maneiras de trabalhar com ela; e um contexto no extremo oposto, como são os Kunstvereine alemães (instituições que correspondem à vontade de um coletivo de cidadãos que quer dotar de contexto seu interesse pela arte contemporânea), e que em ocasiões não têm espaço expositivo nem coleção, mas trabalham com noções de história, memória e recepção de obra.

 

PRÁTICAS DISCURSIVAS:

 

Se no final do século XIX se falava do giro lingüístico, ou seja, da impossibilidade de que exista alguma realidade capaz de ser raciocinada além da linguagem, hoje podemos falar sem dúvida alguma de um tipo de giro sociológico na arte. Isso, mais que o desejo de muitos de nossos artistas de provocar, responde à necessidade de retomar vários argumentos já esboçados pelas vanguardas históricas e de reinventar contextos para redefinir o “marco” de uma História da Arte que com freqüência resulta insuficiente para responder a ambições que não se enquadram somente no marco da estética, mas também da ação política. Para isso se propõe a revisão da noção de experiência estética através da noção de interpretação que esboça o filósofo alemão Hans-Georg Gadamer, assim como o primeiro capítulo de Em busca da política do historiador das idéias de Zygmunt Bauman.

 

Neste marco se propõe o estudo de duas exposições chaves: Representações árabes contemporâneas e Como queremos ser governados, de Catherine David e Roger Buergel, respectivamente, ambos responsáveis pela X e XII Documenta de Kassel.

 

 


Em São Paulo, a oficina de curadoria é uma parceria entre a Embaixada da Espanha - Agência Espanhola de Cooperação Internacional, o Paço das Artes e o Fórum Permanente.

 

 

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