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Bienal em casa #7

Newsletter da 34ª Bienal de São Paulo enviada em 21/07/2020.
Bienal em casa

 

pavilhão bienal

Excerto do teaser da 31ª Bienal de São Paulo – Como (...) coisas que não existem

 

No dia 13 de julho, o Parque Ibirapuera foi reaberto para o público com uma série de restrições. Enquanto a entrada nos edifícios não está liberada, que tal saber um pouco mais sobre a história do seu complexo arquitetônico, considerado um marco da arquitetura moderna?

Em comemoração aos 400 anos da cidade de São Paulo, Francisco Matarazzo Sobrinho (o Ciccillo), que havia acabado de realizar a 1ª Bienal de São Paulo (1951), recebeu o convite do governador Lucas Nogueira Garcez para presidir a Comissão do IV Centenário, incumbida do planejamento de toda a programação. Um dos projetos era a construção do Parque e de um conjunto arquitetônico projetado por Niemeyer, composto de um edifício esférico (Palácio das Exposições), quatro retangulares (Palácios das Nações, Estados, Indústrias e Agricultura) e um trapezoidal (Auditório). Todos eles, com exceção do Palácio da Agricultura, seriam conectados pela grande Marquise, elemento definidor do projeto.

Desde 1957, a Bienal de São Paulo acontece no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, originalmente chamado Palácio das Indústrias. Considerado um marco da arquitetura moderna brasileira, um dos espaços privilegiados do seu desenho é seu vão livre. Com um pé direito de 15 metros, o vão permite que uma obra ou performance sejam vistos de diversos ângulos. Confira nesta matéria como este espaço foi ocupado ao longo das Bienais. Veja também registros de performances e ações que aconteceram no Pavilhão no nosso canal do YouTube.

Entre setembro de 2019 e janeiro de 2020, a Fundação Bienal, em comemoração dos 65 anos do Parque Ibirapuera, inaugurou o projeto Pavilhão Aberto. Uma vez por mês, o público pôde visitar o Pavilhão completamente vazio, proporcionando uma experiência direta com um dos símbolos da vida cultural da cidade. Além disso, os visitantes participaram de palestras sobre arte, arquitetura e urbanismo. O projeto Pavilhão Aberto parte de um compromisso da Fundação Bienal de zelar pela salvaguarda desse edifício pertencente ao município. Acreditamos que a melhor maneira de cuidar desse patrimônio histórico é trabalhar para que todos cuidem dele.

+ saiba mais sobre a história das Bienais

34ª bienal

Jota Mombaça e Musa Michelle Mattiuzzi, 2021 Spell to Become Invisible, 2019. Foto Sebastian Bolesch. Cortesia da artista

 

Um dos nomes confirmados da 34ª Bienal – Faz escuro, mas eu canto é Jota Mombaça. Como escreve em seu próprio site, Jota é “(...) uma bicha não binária, nascida e criada no Nordeste do Brasil, que escreve, performa e faz estudos acadêmicos em torno das relações entre monstruosidade e humanidade, estudos kuir, giros descoloniais, interseccionalidade política, justiça anti-colonial, redistribuição da violência, ficção visionária e tensões entre ética, estética, arte e política nas produções de conhecimentos do sul-do-sul globalizado”.

Mombaça participou também da 32ª Bienal no projeto Oficina de Imaginação Política (2016). A proposta de Amilcar Packer, junto com os colaboradores Diego Ribeiro, Rita Natálio, Thiago de Paula e Valentina Desideri, previa o desenvolvimento de programação com sessões de trabalho, leituras, apresentações públicas, grupos de pesquisa, instalações, escrita, tradução e debates ao longo dos três meses de duração da exposição. Para a Oficina, Mombaça escreveu o caderno Rumo a uma redistribuição desobediente de gênero e anticolonial da violência!, que foi distribuído aos participantes. Confira um trecho abaixo:

“Não há solução. A redistribuição da violência não é capaz de parar a máquina mortífera que são as polícias, as masculinidades tóxicas e todas as ficções de poder. É apenas uma (das muitas) maneira(s) de lidar com o problema sem neutralizá-lo. A redistribuição da violência não é capaz de vingar as mortes, redimir os sofrimentos, virar o jogo e mudar o mundo. Não há salvação. Isso aqui é uma barricada! Não uma bíblia.” (Posfácio_Isso aqui é uma barricada, p.16)

+ conheça mais sobre o trabalho de Jota Mombaça

Instagram Bienal

Registro do processo de criação da obra de Felipe Mujica com as bordadeiras do Jardim Conceição para a 32ª Bienal de São Paulo

Na semana passada, o Instagram da Bienal destacou o trabalho da mexicana Victoria Villanasa. A artista, por meio de bordados, faz interferências em fotografias de pessoas influentes como Nelson Mandela, Aretha Franklin e Nina Simone, e em obras de arte famosas de Gustav Klimt, Egon Schiele, Edvard Munch e Leonardo da Vinci.

Segundo o livro Risco em anil, ponto em flor – memórias do bordado do Passira, organizado pela socióloga e designer de moda Teresa Branco, vestígios da técnica do bordado à mão foram encontrados ainda nos tempos da pintura rupestre. Essa técnica milenar também esteve presente na história das Bienais.

Em 2016, para o projeto Las universidades desconocidas [As universidades desconhecidas] da 32ª Bienal de São Paulo, o artista chileno Felipe Mujica trabalhou em parceria com os artistas brasileiros Alex Cassimiro, Valentina Soares e com o grupo Bordadeiras do Jardim Conceição, formado por cerca de quarenta moradoras desse bairro na cidade de Osasco. A partir de desenhos do artista, os colaboradores costuravam e bordavam cortinas de grande escala que compunham sua instalação de tecidos com a qual o público podia interagir: era possível manipular as cortinas e movê-las pelo espaço. Mujica, que sempre busca essa interlocução de saberes e experiências para a concepção dos seus projetos, organizou durante a Bienal uma oficina aberta ao público sobre técnicas básicas com as bordadeiras do Jardim Conceição. Confira no catálogo da 32ª.

Outro artista que usou bordado em suas obras é Feliciano Centurión. Na 33ª Bienal de São Paulo (2018) foi exibida uma série de tecidos bordados em que Centurión expressava seus desejos e vontades, como em um diário pessoal. O uso do bordado na obra do artista remete a uma tradição central na cultura paraguaia e das mulheres de sua família. “Os pequenos fragmentos de rendas e tapeçarias são bordados manualmente com breves legendas que falam de amores ideais, medo da solidão, despedida e esperança”, saiba mais sobre o trabalho do artista no site da 33ª.

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