Etnologia e Escravidão: (Des)compromissos da Ciência com a Liberdade

Por Janaina Abreu Oliveira para o IEA/USP em 16/10/2019

17° encontro da Jornada Relações do Conhecimento entre Arte e Ciência: Gênero, Neocolonialismo e Espaço Sideral

A artista Rosana Paulino tem se dedicado a um vocabulário plástico para dar conta de como o processo de escravização se apropriava dos corpos negros. Também criava situações contemporâneas de neoescravismo. Uma de suas preocupações recentes é trabalhar com visões edênicas do Brasil e observar como a expansão da etnografia foi muitas vezes acompanhada por uma indiferença das ciências humanas com respeito à escravidão.

Comemoração da Semana da Consciência Negra.

Homenageada: Lélia Gonzales foi uma antropóloga que faleceu prematuramente, mas viveu o suficiente para resistir à ditadura e implantar perspectivas avançadas de compreensão do legado histórico africano no Brasil contemporâneo. Na complexidade de seus estudos, chegou a perceber na língua brasileira situações em que a norma culta desprezava como erro de sintaxe e outros e que ela percebeu serem marcas duradouras de línguas africanas na fala dos escravos. A esta fusão linguística antropofágica, ela denominou portunegro.

Organização

Programação

  • Paulo Herkenhoff. O lugar de Rosana Paulino na história da arte brasileira (moderador)

  • Rosana Paulino. A indiferença da etnologia com relação à sorte dos escravizados.

  • Helio MenezesArte afro-brasileira contemporânea: entre políticas de (auto)representação, ativismos e produção de contra-narrativas históricas.

Sobre a Jornada

A jornada de seminários compõe a disciplina "Relações do Conhecimento entre Arte e Ciência: Gênero, Neocolonialismo e Espaço Sideral", oferecida pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação da USP em associação à Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, uma parceria entre o IEA-USP e o Itaú Cultural.

O programa da disciplina foi formulado pelos dois titulares da Cátedra em 2019: o crítico, curador e historiador de arte Paulo Herkenhoff e a biomédica Helena Nader, professora da Unifesp. A intenção é promover uma discussão profunda sobre as inter-relações arte e ciência ao longo dos tempos, perpassando por aspectos como proeminência cultural de um país sobre outro, questões de gênero, de estilos e formatos.

No total, serão 19 aulas entre os meses de agosto e dezembro, sempre às quintas e sextas-feiras, das 14h às 17h, que irão reunir palestrantes e debatedores de diversas áreas do conhecimento e que são lideranças em suas áreas de atuação. Cada seminário terá um homenageado e abordará um tema específico.

Veja o programa completo (sujeito à alteração).

Fonte: http://www.iea.usp.br/eventos/jornada-arte-e-ciencia-17