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Latino-americanos são 50% da escalação para a próxima Bienal

[Folha de São Paulo, 13/04/12]

Por Silas Martí

Depois de meses de incerteza sobre sua realização, a Bienal de São Paulo, que teve suas contas bloqueadas pelo Ministério da Cultura e então reverteu o quadro na Justiça, anunciou ontem a lista de artistas de sua 30ª edição, marcada para setembro.

Será uma mostra mais enxuta do que a última, tanto no orçamento -R$ 21 milhões contra R$ 30 milhões da edição passada- quanto no número de artistas convidados.

Também deve atrair menos atenção midiática, com um elenco de nomes que passam ao largo dos holofotes da arte contemporânea global.

"É uma Bienal baseada em vínculos, e não em personalidades solitárias", frisou o curador da 30ª Bienal, Luis Pérez-Oramas, em entrevista coletiva ontem. "Esses artistas estão aqui por suas pesquisas e pelas relações entre eles, que estão distantes do marketing e do mainstream."

No total, 110 artistas, quase metade deles latino-americanos, vão dividir o espaço do pavilhão da Bienal. Só 23 deles são brasileiros, um número menor do que o habitual para a mostra paulistana.

"Um dos critérios era não repetir artistas das últimas bienais", disse Pérez-Oramas. "O mundo inteiro está descobrindo a arte latino-americana. Temos de fazer parte desse momento de revelação de artistas da região."

De fato, Pérez-Oramas, venezuelano e curador de arte latino-americana do MoMA, em Nova York, escalou nomes emergentes e alguns esquecidos de países como Argentina, Brasil, México, Venezuela, Peru, Chile e Colômbia.

Entre eles estão jovens como o colombiano Icaro Zorbar e os brasileiros Rodrigo Braga, Cadu, Eduardo Berliner, Sofia Borges e Thiago Rocha Pitta -todos estreantes na Bienal de São Paulo.

INÉDITOS

Pérez-Oramas também adiantou que cerca de 60% das obras expostas serão inéditas. No caso de artistas já mortos, como Arthur Bispo do Rosário, um dos nomes centrais da 30ª Bienal, houve uma busca por trabalhos até hoje desconhecidos.

Fora da América Latina, há forte presença de artistas norte-americanos e alemães, muitos deles com obras sonoras, vídeos e trabalhos feitos a mão, que riscam se perder no espaço do pavilhão com presença mais sutil.

"Não será uma Bienal contra a imagem, mas contra uma ideologia dela", disse Pérez-Oramas. "Essas obras questionam a noção de imagem, reivindicam a demora, interrogam o espaço e a memória e reconhecem a linguagem também como silêncio."

Isso se reflete no projeto arquitetônico da mostra, que agrupa artistas no que a curadoria chama de "constelações" e prevê amplos espaços abertos dentro do pavilhão, tentando ressaltar as relações entre os nomes escalados.

Também foi coletivo o processo de elaboração da identidade visual da mostra. Pela primeira vez, a Bienal terá 30 cartazes diferentes, seguindo um mesmo raciocínio visual.