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Gastos com obra brasileira no Guggenheim de NY são de US$ 8 mi

28/09/2001 da Agência Lusa, em Nova York

A briga que a Brasil Connects vem travando com a Justiça brasileira para trazer o altar do Mosteiro de São Bento, peça principal da exposição "Brasil: Corpo e Alma", para o Museu Guggenheim, em Nova York, está custando mais de US$ 150 mil por dia.

Isso sem as despesas que o empresário Edemar Cid Ferreira e outros 50 empresários brasileiros tiveram para montar a exposição, que custaria inicialmente US$ 8 milhões.

Edemar Cid Ferreira, que está conduzindo todas as grandes exposições artísticas do Brasil no mundo - só no mês de outubro, a Brasil Connects tem exposições programadas em Nova York, Washington, Londres, Paris e Bordeaux (França) - espera que o altar rococó do Mosteiro de São Bento seja liberado pela Justiça brasileira a tempo de abrir a exposição do Museu Guggenheim, em Nova York, no dia 18 de outubro.

A abertura da mostra estava marcada inicialmente para o dia 11 de outubro mas, diante do atentado terrorista ao World Trade Center e do processo iniciado por Joaquim de Arruda Falcão, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a exposição teve que ser adiada.

"Joaquim Falcão sabia que era voto vencido no conselho do IPHAN. Por isso procurou um vereador do PT em Olinda, Marcelo Santa Cruz, dizendo que o altar seria danificado e que nós estávamos fazendo erradamente a conservação. Tudo isso, antes do atentado, explicou.

"Nós mostramos que estava tudo bem, mas depois do ataque terrorista esse vereador conseguiu que uma procuradora da Justiça fizesse uma representação junto ao Tribunal. Nós nos defendemos, mas o juiz acabou concedendo uma liminar impedindo que o altar saísse de Olinda", disse Edemar Ferreira.

Segundo ele, as despesas com a montagem da exposição já chegam perto dos US$ 10 milhões. A Brasil Connects ainda está arcando com os honorários dos advogados e tentando manter a boa imagem do Brasil no exterior.

Ele acrescenta que a estimativa era de que 3 mil pessoas visitassem por dia a exposição no Guggenheim, ou seja, por volta de 400 mil até janeiro do ano que vem.

"Imagine o custo disso não só para o Guggenheim como para o Brasil. Que museu vai confiar em montar uma exposição sobre o Brasil depois do que está acontecendo?", questiona o empresário. "Isso é péssimo para a imagem do Brasil no exterior".

Na avaliação do empresário, se essa exposição não acontecer, além de o Brasil perder uma grande oportunidade de dar visibilidade às suas manifestações culturais, o governo e a Justiça brasileira poderão ser muito mal interpretados. "É uma falta de solidariedade com o país e com a cidade", frisou.

A Brasil Connects, o Iphan e o Mosteiro de São Bento, que está emprestando o altar, vêm trabalhando há mais de um ano na restauração do altar.

A empresa e seus parceiros gastaram quase R$ 700 mil na restauração do altar. De acordo com Ferreira, o altar é a peça principal da exposição do Guggenheim. Todo o resto foi programado em volta dele.

"O museu inteiro está pintado de preto por causa do altar e sem ele não há exposição", afirmou o empresário.

"Nós estamos confiantes de que isso será resolvido até o começo da semana que vem, porque para nós este é um momento muito especial para mostrar o Brasil lá fora. Vamos mostrar o que o Brasil tem de melhor."

"Na hora de embarcá-lo, eles entraram com essa medida contra nós. O assunto ainda está no Tribunal Federal de Recursos de Pernambuco. Esperamos que tudo seja resolvido o mais rápido possível. Nós confiamos na Justiça brasileira", disse.