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Delegado afirma que câmeras de museu não tinham infravermelho

Da Folha Online em 20/12/2007.

As câmeras de vigilância interna do Masp (Museu de Arte de São Paulo) não possuem sistema de infravermelho, o que possibilitaria o registro das imagens mesmo no escuro, segundo o delegado 78º DP (Jardins), Marcos Gomes de Moura. O museu deverá permanecer de portas fechadas durante as investigações.

O Masp solicitou o acompanhamento da Interpol --a polícia internacional-- além da Polícia Federal e do Itamaraty. O Ministério Público do Estado de São Paulo designou um promotor de Justiça do Gaeco (Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado) para acompanhar o caso.

A ação dos criminosos que levaram duas das principais obras do acervo do Masp levou três minutos. A informação foi antecipada pela colunista da Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

Em entrevista na tarde desta quinta-feira, Moura afirmou que os criminosos se valeram de escadas e arrombaram duas portas antes de chegar até onde estavam as obras com equipamentos hidráulicos. Foi constatado ainda que as obras estavam em salas diferentes dentro do museu.

A tática utilizada pelos criminosos foi diferente da tentativa de furto registrada no dia 29 de novembro deste ano, segundo o delegado. No dia 29, os criminosos utilizaram os elevadores. A ação foi frustrada e nada foi levado à época. O delegado não deu detalhes a respeito desta tentativa frustrada de furto das obras do museu.

Hoje foram levadas as obras "O Lavrador de Café", obra de 100x81 centímetros de Portinari, e "O Retrato de Suzanne Bloch", de Picasso, quadro de 65x54 centímetros.

A ação aconteceu entre as 5h09 e 5h12 desta quinta-feira. A informação inicial de que três homens participaram da ação será reavaliada, segundo o delegado. A suspeita é de que um quarto homem teria participado da ação, uma vez que foi encontrado um fone de ouvido que pode ter sido utilizado para comunicação entre os criminosos.

No momento da ação havia quatro funcionários no local. Apesar disso, ao menos 30 funcionários serão ouvidos durante o depoimento.

As imagens que a polícia dispõe foram feitas no momento da entrada dos criminosos no prédio, e mostram trechos do vão livre do Masp. Em uma análise preliminar, a qualidade das imagens não é suficiente, segundo o delegado, para identificar os criminosos. As imagens, entretanto, passarão por análise.

Moura afirmou que nenhuma hipótese está descartada, entre elas a de que o furto teria sido encomendado por apreciadores de arte.

Seqüestro

O chefe do departamento de Artes Plásticas da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP (Universidade de São Paulo), Tadeu Chiarelli, afirmou acreditar que as obras furtadas do Masp foram na verdade seqüestradas e os criminosos devem pedir resgate pelas mesmas.

Chiarelli, que foi curador-chefe do MAM (Museu de Arte Moderna) de São Paulo entre 1996 e 2000, afirma ser impossível avaliar ao certo quanto as obras custariam caso fossem levadas a leilão.

Segundo ele, "Retrato de Suzanne Bloch", de Picasso, é uma da últimas obras da fase azul do pintor. "Do ponto de vista histórico é crucial", afirma.

Em relação a "Lavrador de Café", Chiarelli diz que a obra, de 1939, é uma das mais importantes entre os anos 1930 e 1940, anos considerados profícuos na obra do pintor. "Está [obra] dentro do contexto de imaginário nacional", diz.

Silêncio

Em nota a direção do Masp informa que não fornecerá informações adicionais a respeito do roubo. A justificativa é para não atrapalhar as investigações.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2007/12/357006-delegado-afirma-que-cameras-de-museu-nao-tinham-infravermelho.shtml