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Ana de Hollanda diz ter sido vítima de 'turbulências forjadas'

[Folha de São Paulo, 18/03/12]

A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, afirmou nesta quarta-feira no Rio que a crise no ministério foi fruto de "turbulências forjadas".

Hollanda tem sido muito criticada por setores alinhados ao ex-ministro Juca Ferreira, que a acusam de estar abandonando a política cultural do governo Lula.

A ministra esteve no Museu Histórico Nacional, no Rio, para marcar o Dia Internacional dos Museus, em meio à 9ª Semana Nacional de Museus, com uma série de eventos em quase mil instituições em todo o país.

"Eu não estou mais preocupada com essa questão das turbulências que foram muito forjadas também. Agora, a imprensa já está compreendendo que houve uma turbulência meio provocada por motivos provocados que não têm nada a ver com a questão cultural. E o importante é que a gente está trabalhando, com um trabalho para o Brasil inteiro que é essa semana de museus. Estamos com vários trabalhos em várias áreas, e o Ministério da Cultura está muito ativo", disse Hollanda à imprensa.

Quando a Folha quis saber da ministra quem seriam os responsáveis por essas turbulências, o assessor de imprensa de Hollanda encerrou a curta entrevista.

Antes disso, a ministra disse que a série de reuniões com diferentes setores do meio cultural que têm mantido não são uma busca de apoio para a sua permanência no cargo.

"Eu não estou procurando apoio, estou procurando diálogo. Nesta semana eu tenho prevista uma reunião com a área de artes visuais. Então vai ser importante porque ainda estamos formando, discutindo as políticas para essa área. Então esse diálogo é sempre importante", afirmou.

A agenda da ministra prevê para a tarde de hoje um encontro com o produtor de cinema Luiz Carlos Barreto, que saiu em sua defesa no debate sobre a decisão da ministra de rever a proposta de reforma da lei dos direitos autorais proposta pela gestão Juca Ferreira.

Hollanda disse ainda ontem considerar o caso das diárias que recebeu para permanecer no Rio em dias em que não teve compromissos oficiais é um "assunto encerrado".

APOIO

Organizador da Semana de Museus, o presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), José do Nascimento Júnior, foi mais incisivo na defesa da ministra, ao falar para o auditório em que foi lançado o novo "Guia dos Museus Brasileiros".

"O Ibram e o Ministério estão trabalhando independentemente do que falam e do que tentam falar. O ministério na sua gestão nunca parou. O ministério não é o ministério de um samba de uma nota só", afirmou ele, numa referência velada à discussão sobre a lei dos direitos autorais.

"A ministra não tratou só de um tema, trabalhou amplamente, o clima no Ministério é positivo", disse Nascimento, que já ocupava seu atual cargo sob Ferreira.

O presidente do Ibram comparou as pressões sofridas por Hollanda às enfrentadas por Gilberto Gil no início de sua gestão, no primeiro mandato de Lula.

"O ministro Gil sofreu as mesmas coisas que a senhora sofreu, e depois no final ninguém dizia que ele não foi um grande ministro. Existe uma lógica de quebrar pedras no início e de ter no final uma grande gestão."